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Prof. Dr. Adelcio Machado dos Santos Jornalista (MT/SC 4155)
Em primeiro lugar, João Chagas Leite, nascido em Uruguaiana em 22 de agosto de 1945, avultou entre os ativistas da cultura tradicional gaúcha, cujo suplantou ultrapassou cercanias não apenas geográficas, mas também do tempo e da memória afetiva. Desde jovem, ele enfrentou limitações físicas que poderiam ter desencorajado qualquer aspirante à música: uma deficiência na mão esquerda que o levou a tocar violão de forma invertida até desenvolver uma técnica com dedal.
Não obstante, elaborou carreira luminosa de mais de cinquenta anos, produzindo mais de 300 composições que espelhavam essência do Rio Grande do Sul.
No entanto, suas obras mais conhecidas – como “Desassossegos”, “Ave Sonora”, “Pampa e Querência”, “Por Quem Cantam os Cardeais” – não são apenas canções, mas poemas melodiosos, que falam de saudade, solidão, pertença e do silêncio das coxilhas.
À guisa de exemplo, na canção “Desassossegos” a melancolia se reflete com delicadeza: seus versos traduzem o inquietar da mente campeira, a contemplação do pôr do sol como uma brasa que queima lembranças e ativa lembranças profundas. Essa capacidade de transformar sentimentos universais em imagens simples, mas poderosas, revela a poética de Chagas Leite: a poesia da vida rural, da memória coletividade, da identidade gaúcha.
Todavia, o seu compromisso com a tradição não o impediu de inovar. Ele foi consistente nos festivais da música nativista, vencendo 13 vezes primeiro lugar e conquistando dois troféus consecutivos na Tertúlia Musical Nativista com “Penas” e “Pampa e Querência.
Entrementes, sua arte nunca cedeu à massificação: mantendo a essência da cultura dos pampas.
Destarte, a voz de João Chagas Leite era marcada pela serenidade, pela autenticidade e por um sentimento de pertença profunda às suas raízes. Ele não era apenas um intérprete, mas um poeta-cantor, tradutor das histórias do campo e da vida simples.
Outrossim, a sua voz tornou-se símbolo de resistência cultural, mas também de afeto, porque evocava o mundo interior de quem vive na estrada, nas barrancas do Uruguai, nas paisagens silenciosas do sul do Brasil. Com sua arte, ele manteve viva a memória de um povo e de um modo de vida, enquanto multiplicava seus versos como um sopro de eternidade.
Contudo, o seu falecimento implica apenas a partida física, porquanto a sua poesia fica, bem como não se encerra em sua voz, porquanto os seus versos continuam a tocar corações, a evocar paisagens e a preservar a cultura regional.
Em epítome, a poesia dele é uma herança que resiste, um legado que se perpetua no silêncio das coxilhas e no canto das novas gerações que ainda encontram nas suas canções o eco da mentalidade campeira.
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