CAPINZAL LANÇA “HISTÓRIAS DE NATAL” E ABRE OFICIALMENTE A PROGRAMAÇÃO NATALINA |
Mario Eugenio Saturno (https://www.facebook.com/Mario.Eugenio.Saturno/ ) é Tecnologista Sênior do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE) e congregado mariano.
Passei o semestre reestudando a História da Igreja Católica para auxiliar a Escola de Teologia Para Leigos São José de Anchieta da Diocese de Caraguatatuba e enquanto assistia ao especial do Brasil Jazz Sinfônica para o Dia da Consciência Negra - um programa excepcional da TV Cultura-, fiquei refletindo sobre quando foi que a Igreja começou a ser contra a escravidão.
Embora a escravidão não seja somente de negros da África meridional, para a América é o que importa. Eu sempre fui visto como branco, mas minha bisavó materna foi escrava liberta pela Lei Áurea.
Em verdade, a Igreja Cristã, denominada Católica a partir do ano 103, já herdara dos judeus o Antigo Testamento, que se manifestava contra a escravidão, limitando sua ação, ao menos contra os próprios hebreus, como vemos em Êxodo (21,2-3): quando comprares um escravo hebreu, ele servirá seis anos, no sétimo sairá livre, sem pagar nada; se entrou sozinho, sozinho sairá, se tiver mulher, sua mulher partirá com ele. Mas é claro, Moisés não era um cara legal assim, então tinha a pegadinha para favorecer os ricos (Ex 21,4-10).
Em Deuteronômio (15,12-18), repete-se a lei dos seis anos, mas iguala homem e mulher, e que, ao libertar, "não o deixarás partir com as mãos vazias (v. 13), mas lhe dá alguma coisa dos teus rebanhos e uma parte dos bens (v. 14). Lembra-te de que estiveste em servidão no Egito e é por isso que hoje te imponho esse mandamento (v. 15). E, claro, mantém a pegadinha (v. 16 e 17). Interessante conclusão: não te seja penoso libertá-lo, porque o serviço que te prestou durante seis anos valeu bem o dobro do salário de um mercenário (v. 18).
Havia ainda a Lei do Ano do Jubileu (Lv 25,39-55): a cada 50 anos, todos os escravos hebreus deveriam ser libertados e suas propriedades familiares restauradas. Preciso pesquisar os livros de história para saber se isso aconteceu alguma vez...
De qualquer forma, o hebraico era pobre, servo e criado era ‘eved (עֶבֶד) que os tradutores da Septuaginta traduziram para doulos (δοῦλος, escravo), perdendo oportunidade para precisar. O Novo Testamento usa bastante, como em Efésios (6,5-9), alertando os senhores que Deus não faz distinção de pessoas (mesmo que Cl 3,22-4,1), mas conformista em Timóteo (1Tm 6,1-2), certamente não foi Paulo quem escreveu isso. Paulo ainda usa a "doulia" como metáfora, "escravos de Deus", em Romanos (6,15-23) e Coríntios (1 Cor 7,20-24).
Outras palavras gregas do koiné passam a ser utilizadas, como diákonos (διάκονος, servo, não escravo); pais (παῖς, criança, filho, servo, como o do Centurião, provavelmente era filho dele, não servo); oiketēs (οἰκέτης), servo doméstico, aquele que não pode servir a dois senhores de Lucas (16,13), aparece também em Atos (10,7), bem traduzido na Ave Maria como criados; e somaton (σωμάτων), corpos, na lista de mercadorias em Apocalipse (18,13).
E vem de Gálatas (3,28) o que se tornaria o princípio teológico que, séculos depois, seria a base para derrubar a escravidão: já não há judeu nem grego, nem escravo nem livre, nem homem nem mulher, pois todos vós sois um em Cristo Jesus.
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