Prof. Evandro Ricardo Guindani Universidade Federal do Pampa - Unipampa

Como já estamos acostumados, nos últimos anos presenciamos muita contradição no campo sociológico. Uma confusão de conceitos e palavras, de posturas e discursos. Por que será? Eu tenho uma hipótese: as pessoas estão abandonando livros e aderindo às redes sociais. Assistem um vídeo atrás do outro, muito bem produzido, e o algorítmo contribui para oferecer cada vez mais, desinformações reforçando as distorções, e assim por diante. Quais as consequências? Ignorância generalizada, a tal ponto das pessoas irem para frente dos quartéis com bandeira de defesa da liberdade, pedindo intervenção militar. Pode isso?  Outro absurdo que presenciei em uma manifestação ocorrida em um município gaúcho onde resido, as pessoas defendiam o SUS, ao mesmo tempo que demonizavam o comunismo. O que isso significa? A pessoa comprova que não sabe o que é comunismo e não sabe o que fundamentou a criação do SUS. É só ler um livro básico de História ou até mesmo perguntar para o Chat GPT que você vai entender o absurdo dessas afirmações. Contradições vergonhosas e medíocres, típico de quem queima livros e não sai do celular.

As pessoas estão deixando de ler e refletir, para compartilhar e curtir...A complexa atividade cerebral está sendo substituída por cliques e “likes”.

A tia e o tio do zap vizualizam um vídeo de um tal político ou influenciador de sua preferência, ou escolhido pelo algorítmo, e acreditam em tudo o que assistem. Começam a acreditar que o crime organizado é uma organização terrorista, mais uma distorção absurda! Então vamos refletir um pouco sobre essa diferença. O terrorismo é praticado por grupos fundamentalistas. O fundamentalismo se apoia em crenças e ideias, sejam elas morais ou religiosas. O ato terrorista não é um simples ato de violência, mas sim um ato fundamentalista, antes de mais nada, tanto é que, em nome de uma crença, a pessoa consegue atear fogo no próprio corpo para matar outras pessoas. Por que faz isso? Porque sua crença é o seu fundamento e não a vida terrena em si. A própria vida da pessoa tem valor menor do que sua crença, porque geralmente acredita que sua profissão de fé vai conduzí-la a uma vida eterna, no pós-morte.

O fundamento do crime organizado é o dinheiro, a disputa de território, de poder, não tem nada de crença nisso. Pergunte a um chefe de uma facção do crime organizado, se ele dá a vida pela sua facção, pelo seu grupo seja ele qual for. Então meus queridos, o combate ao crime organizado deve ser feito por meio de estratégias de segurança pública, políticas públicas na esfera social, econômica e educacional.

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