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É BOM SABER...

  • Henrique Varela Paim - Centro Espirita Amor e Caridade

Os excessos e a colheita

Dois irmãos, criados pela mãe, em razão do falecimento do pai, quando contavam 3 e 5 anos haviam tomado caminhos diferentes: o mais velho casara cedo, adotara uma vida regrada, apreciador da família e dos bons costumes, constituíra família alicerçada no Evangelho de Jesus. O mais moço, tomara o caminho dos prazeres fortuitos, das noitadas, do desregramento, da ilusão da bebida, tabaco, e consequentemente das drogas.
O irmão mais velho, sempre admoestava o mais jovem, tentando chamá-lo à responsabilidade e alertando-o de que o corpo e até a vida em si o cobraria pelos excessos. Era evitado pelo irmão irresponsável, que subjugava os conselhos e advertências, até que já na faixa dos 50 anos, entediado pela vida vazia que levava, procurou o irmão, disposto a mudar de vida.
Resolvera largar de todos os vícios, desintoxicando-se em pouco tempo, passara a frequentar a casa do irmão mais velho, conquistando e fortalecendo ainda mais os laços afetivos com a cunhada e os sobrinhos. Instigado pela família do irmão, passara a frequentar e participar das atividades de assistência social do Centro Espírita do bairro. Logo também, conquistou o coração de uma boa moça, também espírita. Realmente, sua vida havia tomado outro rumo e dessa forma passaram-se alguns anos de muita tranquilidade e equilíbrio em sua nova fase existencial. 
Contudo, num certo dia o irmão mais velho é procurado e percebera o irmão muito aflito e revoltado. Procurara acalmar o irmão mais moço e inquiria-o sobre o motivo da aflição, no que recebeu como resposta:
- Pois é, meu irmão! Depois de tanta insistência tua e depois também de cansar-me da vida vazia que levava, decidi seguir os teus conselhos. Confesso que foram momentos mais felizes e satisfatórios de minha vida: encontrei paz, respeito, carinho, amor e serenidade de todos os que me rodeiam e comigo mesmo. Entretanto, o que foi que eu ganhei com isso? Pela mudança de vida que empreendi, acho que Deus me premiou com um tumor maligno na garganta e no esôfago. Não sei se terei mais dois meses de vida. 
O irmão mais velho quase teve um infarto com a notícia, mas detentor de uma fé inabalável na Providência Divina, abraçou o irmão e sugeriu que buscassem consolo nas páginas de O Evangelho Segundo o Espiritismo. Aleatoriamente, a página foi aberta no Cap. V - Bem aventurados os aflitos: 
Causas atuais das aflições
4. De duas espécies são as vicissitudes da vida, ou, se o preferirem, promanam de duas fontes bem diferentes, que importa distinguir. Umas têm sua causa na vida presente; outras, fora desta vida. Remontando-se à origem dos males terrestres, reconhecer-se-á que muitos são conseqüência natural do caráter e do proceder dos que os suportam. Quantos homens caem por sua própria culpa! Quantos são vítimas de sua imprevidência, de seu orgulho e de sua ambição! Quantos se arruínam por falta de ordem, de perseverança, pelo mau proceder, ou por não terem sabido limitar seus desejos! Quantas uniões desgraçadas, porque resultaram de um cálculo de interesse ou de vaidade e nas quais o coração não tomou parte alguma! Quantas dissensões e funestas disputas se teriam evitado com um pouco de moderação e menos suscetibilidade! Quantas doenças e enfermidades decorrem da intemperança e dos excessos de todo gênero! Quantos pais são infelizes com seus filhos, porque não lhes combateram desde o princípio as más tendências! Por fraqueza, ou indiferença, deixaram que neles se desenvolvessem os germens do orgulho, do egoísmo e da tola vaidade, que produzem a secura do coração; depois, mais tarde, quando colhem o que semearam, admiram-se e se afligem da falta de deferência com que são tratados e da ingratidão deles. 
Interroguem friamente suas consciências todos os que são feridos no coração pelas vicissitudes e decepções da vida; remontem passo a passo à origem dos males que os torturam e verifiquem se, as mais das vezes, não poderão dizer: Se eu houvesse feito, ou deixado de fazer tal coisa, não estaria em semelhante condição. 
A quem, então, há de o homem responsabilizar por todas essas aflições, senão a si mesmo? O homem, pois, em grande número de casos, é o causador de seus próprios infortúnios; mas, em vez de reconhecê-lo, acha mais simples, menos humilhante para a sua vaidade acusar a sorte, a Providência, a má fortuna, a má estrela, ao passo que a má estrela é apenas a sua incúria. 
Os males dessa natureza fornecem, indubitavelmente, um notável contingente ao cômputo das vicissitudes da vida. O homem as evitará quando trabalhar por se melhorar moralmente, tanto quanto intelectualmente. 
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Ao término da leitura, o irmão mais moço chorava copiosamente, abraçou o irmão e disse:
- Compreendi, meu irmão. Muito obrigado por ter me encaminhado na vida verdadeira. Seja muito feliz com tua família, que eu serei eternamente grato a Deus por permitir-me expurgar através dessa doença que se avizinha todos os excessos de minha vida pregressa. Agora meu coração está em paz, graças a você e às palavras de Jesus, no Evangelho Segundo o Espiritismo compreendo e aceito com toda resignação o fruto da minha semeadura e também já compreendo a infinita misericórdia de Deus, que nos permite a regeneração de nossas faltas.
Abraçaram-se efusivamente os irmãos e louvaram a Deus pela sua Justiça Infinita. 
Boa semana 
HPaim
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