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5 DE MAIO: SAUDADES DE QUINTANA

  • Por Luiz Carlos Amorim - Luiz Carlos Amorim

Por Luiz Carlos Amorim - Escritor - Fundador e Presidente do Grupo Literário A ILHA, que completa este ano 36 anos de literatura. Cadeira 19 da Academia Sul Brasileira de Letras. Http://luizcarlosamorim.blogspot.com.br

Faz vinte e dois anos que nosso poeta passarinho se foi. Quintana dizia que, quando morresse, ele "queria apenas paz para endireitar alguns poemas tortos. Levaria junto apenas as madrugadas, por-de-sóis, algum luar, asas em bando, mais o rir das primeiras namoradas".

A saudade do poeta "passarinho" já dura dezesseis anos. Quintana partiu para um nível superior onde as mortes são registradas como nascimentos, acreditava. "Tenho pena da morte - cadela faminta - a que deixamos a carne doente e finalmente os ossos, miseráveis que somos... O resto é indevorável". Quintana foi encher o céu de poesia em 5 de maio de 1994. Com certeza estará fazendo poesia em parceria com Coralina, Pessoa, Drummond, o nosso anjo poeta.

Aliás, tornar a poesia conhecida e apreciada era com ele mesmo. Foi ele que, com talento e afinco, levou a poesia para as páginas de jornal, popularizando-a, através "Do Caderno H", que assinava no Caderno de Sábado, do Correio do Povo de Porto Alegre.

E por falar em Porto Alegre, a cidade nunca mais foi a mesma depois que o poeta fez uso de suas asas - Érico Veríssimo é testemunha: "...descobri outro dia que o Quintana, na verdade, é um anjo disfarçado de homem. Às vezes, quando ele se descuida ao vestir o casaco, suas asas ficam de fora." - e subiu para o andar de cima. A feira do livro gaúcha, a mais tradicional do Brasil, da qual o poeta era a presença mais ilustre, a representação viva de um grande evento, continua firme, talvez até por isso, para cultivar e imortalizar o símbolo maior daquele festa de cultura.

Parabéns, poeta. De presente para você, as flores do manacá-da-serra, que começam a desabrochar, com a proximidade do fim do outono e as borboletas, que habitam o meu pequeno jardim, que botam ovos nas minhas folhas de couve e dão origem a dezenas, centenas de larvas que devoram tudo e deixam só os talos, mas eu nem ligo, porque sei que dali sairão os poemas esvoaçantes e coloridos, pequenas obras primas da natureza que me lembram você.

Pra matar um pouco da saudade, leio "A Quinta Essência de Quintana", um dicionário da obra do nosso imortal poeta, que ganhei de uma grande amiga, a poetisa Else Sant´Anna Brum.

 

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