Altair Silva busca estratégia inspirada em Uberlândia para expandir o agronegócio em SC |
Prof. Evandro Ricardo Guindani
Universidade Federal do Pampa - Unipampa
É muito comum, em ano de eleições municipais, observarmos encontros entre lideranças locais para escolherem nomes para candidaturas ao executivo. O legislativo é sempre colocado em segundo plano.
O que acho interessante é que os partidos começam a escolher e discutir os nomes para as eleições apenas no ano eleitoral, o que é um grande erro, e assim o partido deixa de ser importante. O partido é algo muito importante. O nome já diz que ele representa “uma parte” da sociedade, ou seja, um grupo que forma um partido para defender suas ideias e buscar espaço no governo. O partido é uma associação de pessoas que durante quatro anos deveria construir uma proposta para seu município, a partir de estudo, análise da realidade. Se ele for de oposição, deve ser uma boa oposição, exigir fiscalização de tudo, esclarecimentos e transparência de quem está no poder. Além disso, se pretender ter candidaturas, nas próximas eleições, deveria, a partir do que considera errado na atual gestão, construir uma contraproposta, entrevistar a população, fazer reuniões nos bairros, escolas. Ouvir a comunidade, para então oferecer nas próximas eleições uma candidatura.
Porém, infelizmente, o partido não cumpre sua função, se torna um mero número. Lá nos anos 1980 e 1990, no interior catarinense, existiam apenas duas ou três grandes siglas, o PMDB, o PDS e o PFL, depois surge o PT, PSDB. As pessoas tinham uma maior identificação com o partido, herdavam da família a sigla, assim como herdavam a religião e o time de futebol. Agora os partidos mudaram tanto de nome, se proliferaram de tal forma que viraram um emaranhado de números. É muito comum, nos bares, as pessoas falarem: “fulano vai correr pelo 15, outro pelo 45, 13, 11, e assim por diante... Na prática, os partidos se tornam números, e acabam, no senso comum popular, se tornando semelhantes, ou melhor, diferentes apenas no número.
Neste emaranhado de partidos representados por números, as eleições parecem se tornar um jogo de apostas: “neste ano vou de 15, 45, 13, 55...” É assim que ouvimos nas ruas. Os partidos precisam reconquistar sua identidade, sua importância no cenário democrático e não se transformarem em meros números de apostas em busca de cabeças e aliados que os representem no pleito eleitoral. O partido precisa ser algo orgânico, ter atividade durante quatro anos. As pessoas não frequentam a igreja semanalmente? Então, que tal se reunirem semanalmente nos seus partidos, desenvolverem ações e estudos na comunidade? E ao chegar no ano eleitoral poderão ter algo de concreto, conciso, coerente para apresentar como propostas, e não apenas dois ou três nomes de pessoas como sendo candidatos “salvadores da pátria”. Por isso que as pessoas não gostam de política, porque os partidos têm muita culpa, ao invés de serem um grupo propositivo, se transformaram em um número e também “gritalhões” nas redes sociais, nada mais. Claro que temos exceções, mas são poucas.
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