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Superioridade ilusória
Mario Eugenio Saturno é Tecnologista Sênior do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE) e congregado mariano.
É comum ouvir que uma pessoa estude e passe a ter uma atitude de superioridade sobre os demais. O conhecimento profissional cria uma relação direta de hierarquia, como entre o médico e o paciente, ou o professor e o aluno. O professor e o médico entendem perfeitamente sua posição e, eventualmente, precisam afirmar a autoridade que eles têm. Mas há pessoas que se iludem acreditando possuir um conhecimento maior que as demais pessoas, é a chamada superioridade ilusória. Por tomarem decisões erradas e obterem resultados indevidos, pela própria incompetência, não tem a habilidade para reconhecer os próprios erros.
É preciso distinguir do embusteiro que se atribui conhecimentos exóticos que não possui ou não existem, como os leitores da sorte, religiosos e curandeiros. Esses enxergam e fazem ver poderes ocultos existentes somente nas cabeças de pessoas sugestionáveis. Vemos muitos que fazem da religião um meio de vida, para angariar riquezas e prestígio social, como aquele espírita famoso que está preso por estuprar mulheres e meninas ou tantos pastores de seitas que arrecadam milhões de pessoas que se creem cristãs mesmo defendendo doutrinas de aborto e divórcio.
Acredito que exista quem comece como um charlatão comum, mas passe a acreditar-se especial e melhor que os outros. Parece ser o caso de um conhecido astrólogo que chegou a montar uma escola de astrologia. Para vender horóscopo, o astrólogo precisa ter uma incrível capacidade de comunicação e um linguajar empolado, pois tem que convencer o cliente de que sua arte é ciência, oculta, mas não inculta. E ser professor torna a mente ágil para explicar, articulando ideias e conceitos em situações práticas.
Quando alguém lê livros de bons filósofos, como Platão e Descarte, sua mente afia-se, passa a pensar mais rápido e melhor. Platão e Xenofonte registraram os ensinamentos do maior filósofo que a humanidade teve: Sócrates! Nessa época, a maioria dos "filósofos" gregos era também embusteira, os chamados sofistas. Criavam um sistema de conceitos e protocolos e apresentavam-se como preceptores a peso de ouro. Faziam de sua filosofia uma forma de enriquecimento. Parece conhecido?
Pois é, se não bastassem as habilidades de astrologia, do ensino e do sofismo, a tal personagem ainda foi líder religioso, de uma exótica interpretação do islamismo. Era o que faltava para criar uma besta do apocalipse, com a capacidade de gestar fanáticos. O advento da internet criou as condições ideais para quem necessita de distância das leis e proximidade dos seus clientes. Em pouco tempo, a seita estava formada, com um diferencial, os seguidores eram diferenciados, engenheiros, médicos e outros sem instrução alguma. Mas o culto à personalidade estava lá, escancarado.
Hoje, não somente o líder, mas seus adeptos se creem superiores, não passaram pelo crivo da Universidade, que detém o saber, nem pelo método científico, histórico e legal. Não compreendem o conhecimento formal, por isso não enxergam o embuste, já se creem mais conhecedores que os catedráticos. Já sofrem a superioridade ilusória.
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