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Homenagem a Ignés Matté Morosini

Por UM ANO de Falecimento (11/09/06) Mãe Nona

 

Homenagem de Defendente e Katchucya Morosini

 

Minha mãe Nona era, com certeza, a mulher que mais profissões exerceu em seus 76 anos de vida, sem ter sequer concluído o curso fundamental. Tudo que ela aprendeu foi nas três séries iniciais do primário que cursou, quando criança. Contudo, era de uma sabedoria sem par!

Descobri que minha mãe Nona foi uma decoradora de grandes qualidades, à medida que eu crescia e observava que ela sempre tinha um local no melhor móvel da casa, para as pequenas coisas que fazíamos na escola. Em nossa casa, nunca faltou espaço para colocar os quadrinhos, os desenhos, os nossos ensaios de artistas, incluindo nossas fotos nos porta-retratos. Tudo, tudo ganhava um espaço privilegiado. E tudo ficava lindo, no lugar que ela colocava!

Descobri que minha mãe Nona era uma diplomata formada na melhor escola do mundo (nosso lar), todas as vezes que ela resolvia os pequenos conflitos entre a família. Fosse à disputa pelo velho brinquedo ou pelo último bocado do bolo de milho, de forma elegantemente diplomática ela conseguia resolver. E a solução, embora pudesse não agradar a todo mundo, era sempre a mais viável, correta, honesta e ponderada!

Descobri que minha mãe Nona era uma escritora de raro dom quando eu precisava colocar no papel as idéias desencontradas de minha cabecinha infantil.  Ela me fazia dizer em voz alta as minhas idéias e depois ia me auxiliando  a seu modo, juntar as sílabas e compor as palavras, as frases, para que a redação saísse a contento! 

Descobri que minha mãe era enfermeira com menção honrosa toda vez que  nos machucávamos. Ela lavava os joelhos ralados, as feridas abertas no roçar do arame farpado, no cair da cerca, no estatelar-se no solo nas brincadeiras de pique.  Depois passava o produto anti-séptico (lembro-me do arrepio ao ver o vidro de mercúrio cromo) e sabia exatamente quando devia usar somente um pequeno curativo, que nada mais era que uma tira de pano branco  limpo, amarrado com atenção e carinho!

Descobri que minha mãe Nona  cursara a mais famosa faculdade de psicologia, quando ela conseguia, apenas com um olhar, descobrir a arte que tínhamos acabado de aprontar, as vezes uma  louça preferida  que tínhamos quebrado! E, depois, na adolescência, o namoro desatado, a frustração de um passeio que não deu certo, um desentendimento na escola. Era uma analista perfeita. Sabia sentar-se e ouvir, ouvir e ouvir. Depois, buscava nos conduzir para um estado de espírito melhor, propondo algo que nos recompusesse o íntimo e refizesse o ânimo!

Era também pós-graduada em teologia. Sua ciência a respeito de Deus transcendia o conteúdo de alguns livros existentes no mundo. O seu era o ensino que nos mostrava a gota a cair da folha verde na manhã orvalhada e reconhecer no cristal puro a presença de Deus. Que nos apontava a fúria do temporal e dizia na sua formação evangélica: ?Deus vela por nós. Não se preocupem!?

Que nos alertava a não arrancar as margaridas , dálias e onze horas e copo de leite, porque estávamos pisando no jardim de Deus. Ah, sim. Ela era uma ecologista nata.  Plantava flores e fazia horta com o mesmo amor. Quando fazia pão, assado no forno de lenha  em cima da folha de bananeira , dizia: ? Filha, leva aqui um pão para dona Ana,  ela nunca esquece da gente   e a gente não pode esquecer dela!". Era sua forma de manifestar sua gratidão aos vizinhos pela amizade: compartilhando o pão!

Minha mãe, além de tudo, foi motorista particular, mesmo não sabendo dirigir, seu veículo eram seus próprios pés, não se cansava de ir e vir várias vezes de casa para escola, para o armazém, para o posto de saúde, para a igreja, e de volta para casa! Também foi exímia cozinheira, arrumadeira, passadeira, babá. E tudo isto em tempo integral. Como ela conseguia, eu não sei!

Somente sei que agora aos 76 anos, voltou para voltar à pátria espiritual. E Deus, como recompensa, por tantas profissões desempenhadas na Terra, lhe dará uma missão muito, muito especial: a de anjo guardião dos filhos que ficaram na bendita escola terrena!

Você Partiu...... mas deixou em nós as melhores experiências e exemplos que alguém podia deixar!

Quando achei que Deus tinha me tirado tudo, percebi que na verdade ele tinha me oferecido as melhores experiências que alguém pode ter... sim!

Pois tive ao meu lado uma pessoa Fantástica que se doou inteira, tinha um coração enorme, no verdadeiro sentido da palavra, pois você minha Mãe Nona encontrou forças para salvar a minha vida.

 E, assim como um dia você me salvou ... tentei de todas as formas e maneiras  retribuir todo o amor e dedicação que um dia você me deu, você minha Mãe Nona foi o Bebê que eu não tive!

Te Amaremos Para Sempre!

Obrigado por tudo!

 

O nosso corpo é um casulo que se desfaz com a saída da alma para a eternidade, pois somos apenas hóspedes de passagem. 

Portanto, a morte não é um fim, é um começo, é um amanhecer.

Viva em paz, Dona Inês, viva junto de Deus.

 

         

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