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Prof. Dr. Adelcio Machado dos Santos Jornalista (MT/SC 4155)
Preliminarmente, a Sociologia da Música se configura em área que analisa a relação entre a música e a sociedade, investigando como as manifestações musicais refletem, influenciam e são moldadas por contextos sociais, culturais, políticos e econômicos.
Essa disciplina busca compreender como a música se torna um fenômeno social, ultrapassando o mero entretenimento para se configurar como um meio de comunicação, expressão identitária e instrumento de transformação social.
A música é uma forma de arte que reflete a sociedade em que está inserida. Ao longo da história, diferentes estilos musicais emergiram como resposta a transformações culturais e políticas.
Á guisa de exemplo, o jazz nasceu da experiência afro-americana e foi um reflexo das condições sociais dos negros nos Estados Unidos, enquanto o rock and roll, nos anos 1950 e 1960, tornou-se símbolo da rebeldia juvenil e da contestação ao status quo.
Os gêneros musicais frequentemente expressam as dinâmicas de classe, raça, gênero e território. O “hip-hop”, surgido nas periferias de Nova York, é um exemplo claro de como a música pode ser um canal para a denúncia de injustiças sociais e para a afirmação da identidade de grupos marginalizados.
Da mesma forma, a música clássica ocidental foi, por muito tempo, associada à elite, devido ao acesso restrito aos teatros e à formação musical especializada.
Outro aspecto essencial da Sociologia da Música reside influência da economia cultural na produção e no consumo musical. A indústria fonográfica tem um papel fundamental na distribuição da música e na formação do gosto musical, promovendo determinados estilos e artistas em detrimento de outros.
O avanço tecnológico e a digitalização da música alteraram drasticamente esse cenário, proporcionando maior acesso e diversidade, mas também desafiando os modelos tradicionais de lucro da indústria.
Plataformas de “streaming”, como Spotify e Apple Music, modificaram as formas de consumo musical, democratizando o acesso, mas ao mesmo tempo intensificando a lógica algorítmica, que influencia os hábitos de escuta e favorece artistas com maior visibilidade midiática. Assim, a sociologia da música também investiga como essas mudanças afetam a autonomia dos artistas e a diversidade cultural.
A música desempenha um papel crucial na construção da identidade cultural. Em diversas sociedades, ela é usada para reforçar a memória coletiva, transmitir tradições e unir comunidades. Manifestações como o samba no Brasil, o fado em Portugal e o reggae na Jamaica ilustram como a música pode ser um símbolo nacional e um elo entre gerações.
Ademais disso, a globalização tem impactado profundamente as identidades musicais, promovendo a fusão de estilos e o surgimento de gêneros híbridos. A world music, por exemplo, representa essa interseção de sonoridades e tradições distintas, mostrando que a música também é um fenômeno transnacional.
A música tem sido historicamente utilizada como ferramenta de mobilização e resistência. Canções de protesto são exemplos claros de como a música pode expressar reivindicações sociais e políticas. Durante a luta pelos direitos civis nos Estados Unidos, músicas como "We Shall Overcome" tornaram-se hinos de resistência. No Brasil, a Tropicália e a MPB foram formas de contestação à ditadura militar.
Os festivais e “shows” também desempenham papel importante na articulação de causas sociais, seja para arrecadação de fundos, conscientização ou ativismo. A relação entre música e política evidencia o potencial transformador dessa arte na sociedade.
A Sociologia da Música é um campo vasto e dinâmico, que revela a interdependência entre cultura e sociedade. A música não é apenas um reflexo das realidades sociais, mas também um agente ativo de mudanças e construções identitárias.
Por final, o estudo dessa relação permite uma compreensão mais profunda do papel da música na vida dos indivíduos e na configuração dos contextos históricos e sociais ao longo do tempo.
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