Prof. Evandro Ricardo Guindani

Universidade Federal do Pampa - Unipampa

A concepção de sucesso que vigora em nosso mundo estimula o indivíduo a se distanciar da humildade e alteridade. É muito comum você analisar as imagens, que representam o sucesso neste mundo capitalista, apresentarem um homem no topo de uma escada com dinheiro na mão em sinal de vitória. Ele se encontra acima dos demais, não há nenhuma pessoa ao seu lado, o que indica a falsidade de que ele conseguiu chegar lá sozinho. Também o apresenta como alguém superior (no salto alto), distinto, um herói e felizardo em uma sociedade marcada pela desigualdade social das oportunidades.

Os conceitos de humildade e alteridade não fazem parte de um discurso romantizado, pelo contrário, esses dois conceitos unem em si dois elementos que precisam ser resgatados: o respeito ao outro (pobre, preto, indígena) e à terra (humus), ou seja, a justiça social e a recuperação do meio ambiente. São conceitos profundamente revolucionários e com grande potencial de transformação a curto, médio e longo prazo. Humildade é você se considerar no mesmo nível do outro e se importar com esse outro, lutar com este outro, buscar vencer com o outro, ao lado do outro. Principalmente pessoas que pertencem a mesma classe social precisam se identificar com sua classe social, ter consciência da realidade de sua condição e não cair nas armadilhas do sonho americano, individualizado, mas sim lutar contra isso. A luta pode se dar de diversas formas, em associações, movimentos e organizações sociais. Conhecemos muitos pobres que buscam se identificar com a classe média e, ao perder essa consciência de sua classe social, de sua realidade, abdicam das lutas necessárias para a emancipação do seu grupo e classe social. Ser humilde é antes de mais nada ser consciente de sua classe social, não buscar um salto alto que ilusoriamente o distancia daqueles que comungam as mesmas dificuldades. A alteridade é o engajamento na luta, na militância pela transformação da estrutura que promove a desigualdade social.

O estereótipo do indivíduo de sucesso que herdamos dos países tidos como “desenvolvidos” contribui para uma formação egoísta, arrogante, autoritária, mesquinha e desconectada do outro.

Busque um sucesso horizontal e não vertical, ou seja, que você e a sociedade possam ser felizes, e não apenas você!

O texto acima é um trecho do livro: “O novo sucesso: uma crítica à meritocracia”, publicado pela Editora Appris. Neste livro defendemos uma proposta de educação para uma nova concepção de sucesso. Um sucesso baseado na humildade e conexão com o outro, com o meio ambiente, com a diversidade e com a ética.

Se quiser aprofundar mais esse assunto, você pode comprar o livro no site da Editora: https://editoraappris.com.br/produto/o-novo-sucesso-uma-critica-a-meritocracia/