Prof. Evandro Ricardo Guindani Universidade Federal do Pampa - Unipampa

Vivemos uma época em que as pessoas brigam por qualquer coisa. Discussões em grupos de whatsapp promovem rompimentos de amizades e até de vínculos familiares. Uma discordância em relação a algum fato já é motivo de rompimento. A pessoa que você gostava passa a ser odiada, de uma hora pra outra ela já nao presta mais. Está evidente que pode ter havido um problema de comunicação.

Participo de grupos de whats ou mesmo redes sociais e vejo que as pessoas não sabem ouvir o outro, interpretam o que o outro fala, a partir de seus sentimentos e opiniões, mas nao tenta realmente compreender o que a pessoa está dizendo. Falta compreensão e compaixão, às vezes conseguir tentar entender o que o outro está sentindo naquele momento que fala ou escreve algo. Mas geralmente as pessoas ficam presas no seu ponto de vista e disparam como uma metralhadora contra o outro.

Os pais precisam desenvolver nas crianças as habilidades da escuta e compreensão. A epidemia da ansiedade faz com que as pessoas esperem respostas até para suas perguntas ainda não foram formuladas. E julgam o outro pelo fato de não ter entendido o que você quis dizer.

São cada vez mais comuns reações emotivas, motivadas pela raiva, a qual se desenvolve em mentes que não foram treinadas para ouvir. Esses dias em um grupo de whats onde teve uma discussão e a consequente saída de um dos membros, procurei conversar no privado com os dois e verifiquei que ambos tinham a mesma ideia sobre o assunto, mas foi a forma de falar e a forma de incompreensão que fizeram surgir o desentendimento. E um grupo em que estava junto há mais de dois anos foi desfeito em minutos.

Em outro grupo percebi um colega que fez uma colocação criticando o conteúdo de uma postagem que outra pessoa fez. Outra pessoa o criticou porque o mesmo estava ofendendo a pessoa que postou. Porém a crítica não foi em relação ao ato de postar a mensagem mas sim ao conteúdo que foi escrito por uma outra organização. E a crítica era bem fundamentada, porém a pessoa apenas viu que ela criticou e já disparou a metralhadora em defesa da pessoa que postou a mensagem. O que isso revela? Que a pessoa que disparou a metralhadora não leu o conteúdo da mensagem e nem mesmo tentou entender o fundamento da crítica da outra pessoa.

Então é necessário que a gente aprenda a ouvir , a ler profundamente o que o outro diz e depois se posicionar. Não escreva ou fale no impulso. Valorize mais seus vínculos, a vida é curta, o que temos são pessoas ao nosso lado, e nada mais. O que fica dessa vida são as experiências que vivenciamos nas relações interpessoais.

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