logo RCN
O TEMPO jornal de fato

A Bíblia e o fundamentalismo cristão

Prof. Evandro Ricardo Guindani Universidade Federal do Pampa - Unipampa

Quando falamos em fundamentalismo religioso costumamos voltar os olhos para outros países, mas penso que devemos urgentemente olhar para a realidade brasileira.

Estudos de ciências da religião demonstram que em países onde há mais desigualdade social, mais pobreza, é comum uma adesão maior à religião, ou seja, crescem e se proliferam igrejas por todo o canto. Isso pode parecer positivo num primeiro momento, mas quando analisamos mais a fundo, veremos que o problema está no fundamentalismo. Também há maior risco para a sociedade quando o fundamentalismo religioso se vincula à política e à democracia.

Toda e qualquer religião está fundamentada em mitos fundadores, e a adesão cega a esses mitos podem provocar sérios efeitos para a sociedade como a perseguição a grupos de pessoas, que de acordo com determinadas visões teológicas distorcidas, são legitimadas pelos livros sagrados.

Dentre inúmeras religiões que poderíamos falar aqui, opto por me dirigir aos cristãos, que no Brasil estão aderindo ao fundamentalismo bíblico. Encontram legitimidade até no campo político, onde parlamentares se unem em bancadas fundamentadas não pela Constituição mas na Bíblia.

O argumento de que os textos bíblicos foram inspirados por um “deus”, está sendo imposto como uma “Verdade” válida para todos, e usada (politicamente) como justificativa para defesa de “bandeiras” preconceituosas. Cito como exemplo a atuação da Frente Parlamentar Evangélica  no Congresso Nacional.

Tudo isso é muito perigoso! A Bíblia foi um livro editado, construído numa determinada época da história, por homens ligados a grupos religiosos da época. Principalmente o Antigo testamento bíblico apresenta argumentos que justificam a perseguição e morte de pessoas como homossexuis e toda a comunidade LGBTQIAPN+.

Está sendo cada vez mais frequente recebermos em nossas escolas e universidades adolescentes e jovens que estão sendo manipulados por igrejas. Chegam até mesmo a questionar professores baseados em argumentos bíblicos. Isso é um absurdo! A Bíblia é um livro que possui elementos históricos, porém foi editada dentro de um viés religioso, com interesses institucionais e não científico, racional. De acordo com historiadores e arqueólogos, em inúmeros livros da Bíblia, cada frase, trecho, parágrafo estava solto, e foram reunidos, juntados, para formarem um sentido. Homens copistas que foram os responsáveis por copiar e estruturar os textos, selecionaram trechos, mesclaram com suas próprias ideias, quase sempre machistas.

Diante disso as escolas e universidades, por meio do conhecimento científico devem levar seus alunos a questionarem as concepções morais ancoradas na Bíblia, para que não se forme uma geração de fundamentalistas.

SUPL. LITERÁRIO A ILHA: EXISTÊNCIA E RESISTÊNCIA Anterior

SUPL. LITERÁRIO A ILHA: EXISTÊNCIA E RESISTÊNCIA

O PARADIGMA BARROCO NA MÚSICA Próximo

O PARADIGMA BARROCO NA MÚSICA

Deixe seu comentário