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O TEMPO jornal de fato

O legado das bandas e fanfarras no meio-oeste catarinense

  • - ENSAIO

(Maestro Luiz Fernando Spessatto, Mestre em Música pela Udesc e Antonio Carlos “Bolinha” Pereira, Diretor de Eventos da Scajho)

Voltando no Tempo

          

Na Semana da Pátria alunos desfilam em garbosos trajes nas fanfarras escolares. A fanfarra é uma agremiação musical composta principalmente por instrumentos de percussão e sopro, como cornetas, trombones e caixas. Mais do que um conjunto de músicos, ela inclui corpos coreográficos, porta-bandeiras e balizas, com forte ênfase no ritmo, na marcha e na expressão corporal. Composta por músicos amadores e frequentemente associada a escolas, universidades e organizações militares ou religiosas, é importante ferramenta de inclusão social e educação.

Em Luzerna a Fanfarra Municipal da Escola Padre Nóbrega participa desde 1997 de festivais, campeonatos e eventos cívicos, desenvolvendo o talento musical dos jovens ao promover a aprendizagem com instrumentos musicais e ao mesmo tempo divulgando a “Capital da Amizade”.

Em 1985 a Banda Municipal de Capinzal iniciou atividades com 50 componentes. Ao participar de eventos cívicos e culturais incentiva em crianças, adolescentes e adultos a ordem e a disciplina. Entre os responsáveis por esses momentos está Carlos Alberto da Silva, que por mais de trinta anos exerce a função de maestro na Banda Municipal de Capinzal, no Sexteto e na Escola de Música locais. O professor Carlinhos prepara os alunos para apresentações alusivas à Pátria, como a alvorada festiva, e participa em Joaçaba da Carlos Gomes Big Band.

Enquanto a fanfarra se concentra em instrumentos comuns de sopro e percussão, a banda marcial é um conjunto de músicos que combina execução musical à base de metais e percussão com movimentos de marcha e coreografia, geralmente apresentando-se ao ar livre em desfiles e eventos cívicos e distingue-se da fanfarra pelos metais, como trompetes e trombones.

Em Joaçaba a Banda Carlos Gomes, com muito orgulho, completa 55 anos de uma linda história vivida por esse importante grupo musical. No final dos anos 1960 o programa radiofônico “Passarela da SCAJHO” iniciou campanha para formação de uma banda municipal em Joaçaba. No grupo, entre outros, Alois Nehring, Anselmo Zanelatto, Atílio Hermes, Dorvalino Marcon, Ernesto Zanelatto, Euclides da Silva, Euro Küster, Hélio Frank, Ivo Ary Meyer, Ivo Bonn, Milton Laske, Nadir Spizazzi, Nelito Santos, Remi Martinelli, Vitório Azevedo.

20 de dezembro do ano 1970 é o marco inicial da Banda Carlos Gomes, criada pelos saudosos maestros Alfredo Sigwalt e Atílio Hermes, que, conscientes do alcance cultural da iniciativa, tinham como ideal a união pela música. O primeiro presidente Atílio Hermes, secretário Artur Nehring, tesoureiro Euro Küster e o Maestro Alfredo Sigwalt, que já fazia grande sucesso regendo a Scajho. Todos os participantes eram voluntários e alguns empresários do município emprestavam salas para reuniões e ensaios.

No ano seguinte foi contratado o Maestro Antônio Cordeiro Sobrinho, que formou a Banda Mirim Carlos Gomes. A Banda contou com a orientação dos professores Jairo Deuerling e Izaltino Santos e em 1972, entre outros aprendizes, passou a contar com um jovem trombonista tenor, Antonio Ludovico Rodrigues, o ICO, então com nove anos de idade. Na década de 1990, depois de um período de inatividade, a Banda Carlos Gomes retornou sob a presidência de Valdir de Souza e por falta de um maestro o próprio ICO dava aulas de música e assumiu a regência até 2014.

A Banda possui sala própria no subsolo do Teatro Alfredo Sigwalt. Novos músicos foram convidados a participar e adaptar-se à modernidade pois em 2007 foi transformada na CARLOS GOMES BIG BAND, realizando grandes apresentações no Teatro Alfredo Sigwalt e em eventos, com repertório que abrange de clássicos da música erudita a MPB, jazz e rock internacional. Enquanto esteve entre nós o Carlão, Carlos Adão Trastk, participava com entusiasmo na percussão, sempre com alegria contagiante. Antes sob a regência de Antonio Ludovico Rodrigues e agora sob a direção do maestro Luiz Fernando Spessatto, Mestre em Música pela Udesc, os desafios vêm sendo, aos poucos, superados por amor à arte.

Ruy Cesar Lehrer, um dos mais antigos músicos em atividade, é o atual presidente, tendo como vice Antônio Ricardo Rodrigues dos Santos. Formada por músicos amadores, a Big Band conta atualmente com o maestro Luiz Fernando Spessatto nos teclados; Davi Matzenauer dos Santos no baixo; Artur Lunardi na bateria; Michael Timbola na flauta; Edson Luiz Roma na guitarra; Felipe Rodrigues e Rudy José Nodari Júnior na percussão; Volni Moreira no sax tenor; Agostinho da Fré, Antonio Ricardo dos Santos e João Carlos Ribeiro nos trombones; Carlos Alberto da Silva (“Maestro Carlinhos”), Ruy Cesar Lehrer, Sérgio Barros (“Serginho”), Israel Marques Moreira (“Zeti”) e Neri Moreira nos trompetes; Avrum Kotliarenko no violão. Nos vocais, Amanda Peliciolli e João Soares. Eventualmente, músicos convidados também participam, como o ex-presidente da banda, Dr. Acióli Antonio Viecelli.

Na pesquisa para a Dissertação de Mestrado em Música na Udesc, Luiz Fernando Spessatto encontrou que, por volta do final de 1933, chegava uma leva de imigrantes do Tirol sob a chefia de Andreas Thaler, ex-ministro da Agricultura da Áustria. Eles se instalaram em Treze Tílias, então conhecida como Papuan, em uma região montanhosa cujo ambiente geográfico se assemelhava ao de sua terra de origem. Eram colonos habilidosos, que trouxeram consigo todo o maquinário para o trabalho com madeira, fabricação de tijolos, ferraria e oficina mecânica. Vieram também artistas, escultores, músicos e dançarinos que, respeitando a tradição europeia, mantiveram viva a prática musical por meio de uma banda típica, formada ainda no navio que os trouxe. Mesmo após um dia árduo de trabalho, seus integrantes se deslocavam até a sede para ensaiar e preparar o repertório.

Na década de 1930 surgiu a Banda Cruzeiro, formada por vinte e oito músicos, na maioria já idosos, alguns dos quais imigrantes europeus e outros, que participavam também da Banda Musical de Erval, como José Chillemi, José Zanellatto, Carlos Dambrowski. E a partir de 1942 o primeiro presidente da “Sociedade Cultura Musical de Cruzeiro e Erval”, Vidal Pereira Alves e o maestro Chillemi passaram a ensinar a leitura de partituras, o domínio de instrumentos de sopro (bombardino, trompas, trombone e clarinete) e também de alguns instrumentos de percussão (caixa, prato, bumbo e tarol). Foi nessa Sociedade Musical que se formaram as bases da futura SCAJHO.

É importante despertar nos jovens o gosto pela arte da música e da dança, integrando-os a uma sociedade sadia e oportunizando, talvez, uma profissão. Das fanfarras escolares que ecoam em desfiles cívicos às bandas marciais e big bands que ocupam os palcos com repertórios eruditos e populares, a música tem sido alicerce cultural e elo de união entre gerações. Mais do que um som ritmado, cada compasso traz consigo disciplina, inclusão social e pertencimento.

Assim, ao longo de décadas, professores, maestros e músicos amadores ou profissionais mantêm viva uma tradição que começou com os imigrantes, se fortaleceu com os nativos e hoje ressoa como patrimônio da comunidade.

Essa herança musical, que vai do desfile da Semana da Pátria às grandes apresentações no Teatro Alfredo Sigwalt, é prova de que a música não apenas emociona, também constrói identidade, preserva a memória e inspira o futuro.

ENSAIO

Carlos Gomes Big Band no Teatro Alfredo Sigwalt

Maestro Carlinhos e a Banda de Capinzal

MAESTROS Alfredo Sigwalt e Atilio Hermes

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