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FÉRIAS NA SAUDADE
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- Evani Marichen Lamb Riffel (Pedagoga e Psicopedagoga).
Por Evani Marichen Lamb Riffel Escritora, pedagoga e psicopedagoga
Férias de julho em reminiscências...
(...) Era uma casa de madeira, a pintura do tempo a desbotou, o lageado em frente alinhava uma ponte preguiçosa a balançar sob os passos alegres e saltitantes da neta, que vinha passar as férias de julho na casa dos avós maternos.
Aquele lugarejo se chamava Lageado Mariano...
O vento mariano a assoprar no rosto, a alegria de estar na ponte sobre o lageado, perto da casa dos avós, embalava a menina.
Na varanda avistava vovô sentado na cadeira de palha e ao lado na borda do cercado torneado, daquela antiga ária de apreciar o fim das tardes, o copo do trago, costumeiro aperitivo da hora, companheiro que com ele senta e rememora... No tontear suave vovô revê o que perdeu nas apostas de jogatinas, na mocidade da vida abastada, esqueceu de semear mais conforto para a velhice que bateu e entrou sorrateira porta adentro.
Na cadeira preguiçosa de pano que me encantava... Lá estava vovó! O coque bemfeito com ramonas gigantes nos longos cabelos nunca aparados faziam conjunto com o corpo magro e envelhecido. Olhar fixo na estrada do tempo a saborear o biscoito e o chá a acompanhar... Aquele olhar saudoso brinda a chegada da neta que com carinho é abraçada, do abraço do olhar... No tempo de chamar os mais velhos de senhor e senhora... O beijo pairava tímido no ar!
Na antiga cama de ferro, ao lado da cama dela, vovó já estendia o lençol branquinho de tricoline a brindar o colchão de palha, o travesseiro de penas era vestido com fronha florida.
Naquela noite, o fechar dos olhinhos da neta sonhavam as estrelas belas e o conforto do amor da vovó, que por ora, velava seu sono de sonhos sonhados.
O dia amanhece e a réstia de sol que entra moleca pelas frestas da janela de madeira, com tranca trancada, sacode meu despertar. O cheirinho de café coado vem me chamar... Vovó está a preparar o desjejum no fogão a lenha. Vovô que dormiu em quarto separado, levantou e prepara seu chimarrão... Ao redor do fogão a lenha, sentado.
O armarinho na cozinha da casa da vovó, que parece de casa de boneca, armazena a marmelada feita com esmero dos marmelos colhidos pelo vovô lá do pé de marmelo, no quintal!
Ah! E aquelas bolachinhas caseiras em formato de estrela, flor, meia-lua, mulherzinha, pássaro e a redonda cortada com um copo fino, esperavam nos vidros transparentes, esperavam a neta colorindo o apetite matinal no alvo merengue decorado com açúcar de muitas cores!
Sem falar ainda no vidro de compota que acolhia o melhor pé-de-moleque do mundo, acho... Crocante, mascavo, brilhante de sabor... Psiu!... Este é o prêmio da tarde depois de passar o pano molhado na cozinha, na sala e na ária da casa da vovó... Que dó!!! A coluna dela desgastou pela vida a trabalhar e criar seus muitos filhos... No tempo de lavar roupa no rio, fazer pão misturado no forno de barro. A farinha de milho triturada no pilão ou levada ao moinho num saco branco sobre o lombo do cavalo.
Tempos idos de puxar água de balde no poço do quintal... Lavar fraldas de pano, trabalhar na sina de dona de casa a preparar refeições, para uma mesa de muitos lugares... Descascar mandioca, escolher feijão, bater a polenta, preparar a massa do pão, da cuca caseira... Deixar a brasa no fundo do forno campeiro e rechear de batata-doce a assar... Óh, que aroma inesquecível!
A tarde ensolarada convida para trepar no pé de maçãs... E saborear as frutas no pé no quintal da casa da vovó... Antigamente!
-Que delícia recordar ... Das férias de julho nas páginas da saudade!
A ampuleta do vovô já despejou toda a areia colorida para o outro lado. Ele exclamou: -Minha neta querida, teu ovo do desjejum já cozinhou!
(...) Aquela ampuleta a contar o tempo que passou...
P. S.
Leitor amigo e antigo, recordaste destes tempos que se foram e não voltam mais??!!! Nostalgia no ar... Da vovó moderna que ora escreve e rememora!!...
Geral
O TEMPO jornal de fato"
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05/11/2024 17:54
O TEMPO jornal de fato"
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