ERA UMA VEZ UM PAPEL EM BRANCO
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- Evani Marichen Lamb Riffel Pedagoga e Psicopedagoga.
...QUE SE FEZ BORDADO DE PALAVRAS EM MEMÓRIAS...
Caro(a) Leitor(a), se memórias são um livro fechado que se abre em pensamento, num desejo lampeiro
fá-lo-ei escrito e aberto...
Reminiscências...
Minhas memórias... Guardo-as em caixa, envolta em fino papel, com frágil laço entre opaco cinzento e azul céu. São livres a ressurgir aprumadas em palavras, frases, versos, textos a bordar o papel em branco na inspiração pois, sabiamente expressa Henry Longfellow:
"Três silêncios existem: o primeiro é o da fala, o segundo do desejo e o terceiro do pensamento."
Em... memórias silenciadas, mansamente caladas, garimpo no pensamento aquela da longínqua infância que aflora o momento e justifica escolhas de personagens que dão alma às histórias que por ora escrevo...
(...)
Era uma vez uma menina, que junto da irmã mais velha, seguia, todos os dias, à estrebaria tirar leite da vaca leiteira, tratar dos porcos na engorda, tratar das galinhas poedeiras e catar seus ovos... Oba! Achei um, dois, três!
Certo dia, junto às galinhas uma surpresa havia: um simpático e pomposo casal de patos brancos a catar o milho embalados pelo có-có-ri-có, mesclado ao quá...quá...rá... quá... quá!
Mas... os dias passaram e o casal de patos procurava água, e o que encontraram foi um latão cortado ao meio, com água transbordante e corrente, trazida em calha de uma vertente natural, que brotava dentre pedras, na barranca úmida.
Os dias passaram e era comum ver os patos no latão de água a nadar..
Nadaaaaaaaaaar? Naquele cubículo?
Surgiu a ideia de fazer um pequeno dique d'água para os patos... Que beleza! Agora deslizavam, expandidos no espaço aquático, onde os avistava juntos, todos os dias.
Até que num belo e ensolarado dia, raios dourados alcançavam só o pato sob meu olhar aflito. -Cadê a pata??... Sumiu por dias e dias, até que minha curiosidade aguçada deitou meu olhar crianceiro para os arredores, nos capins fofos e secos... Avisto um belo ninho, aquecido pela pata sumida e nas beiradas ralas de capim, uma ninhada de ovos branquinhos e enormes, maiores que ovos de galinha que catava todos os dias, muito bem os conhecia!
Corri contar a novidade para a mana e ela se encheu de cuidados porque logo... Logo poderia ter criação de patinhos.
Naquele dia, distraída catando mini margaridas saltitava e saltitei em sobressalto: -Que belo quadro! Dona pata, seguida de mimosos e fofos patinhos amarelinhos, em fila indiana, seguiam até o dique com água cristalina.
Que lindeza! Amei os delicados patinhos e o casal de patos pomposos, papai pato e mamãe pata.
Naquela noite, encantada com os patinhos, sonhei com a família patada!
No dia seguinte, uma forte dor de cabeça, náuseas e vômito. Foram motivos de internação hospitalar: crise de apendicite aguda com cirurgia emergente. Passei uma semana hospitalizada e fui para casa, carregada nos braços pelo meu pai, tamanha era a fraqueza que sentia, nem andar sozinha conseguia.
Quando chegamos em casa, a mana veio correndo, de braços abertos e disse: -Querida maninha, veja que belo travesseiro fiz para você.
O travesseiro era mimoso, bordado de patinhos e flores de muitas cores!
-Óh! Que lindo!!! Que fofinho!!... Exclamei.
-Sim, querida, o travesseiro é de penas de pato!
-De penas de pato???... Como assim?
-Ah! Maninha, juntei as penas do pato velho e fiz o travesseiro.
-Óh!!! Eo pato?
-Virou pato assado, no domingo passado, quando você estava hospitalizada.
-Ufa!!! Acordei!...
Ainda bem, foi só sonho!
Enfim, pirlimpimpim... A menina adormecera no trajeto do hospital para casa. Mal chegou, foi correndo como o vento, ver a família patada!
Esta história não tem fim, a menina continua escrevendo suas histórias!
P. S.
Leitor(a), recorde uma história memória que carrega contigo e viva esta emoção!
Por Evani Marichen Lamb Riffel
Pedagoga e Psicopedagoga
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