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A DEMOLIÇÃO DO PASSADO!

Professor Me. Ciro José Toaldo



             Foto 1: Casa na década de 1940.  

Foto 2: Apenas o terreno sem casa 2024 (Fontes: internet)

Vivemos no mundo globalizado, na era da mídia, sofisticação e avanços gigantescos do capitalismo. A tecnologia trouxe benefícios ao ser humano, sem ela as ciências e os estudos não se aprimorariam. Portanto, não devemos nos colocar contra qualquer tipo de progresso, especialmente em relação à evolução das cidades.

Entretanto, certo equilíbrio sem a loucura desenfreada pela ânsia da prosperidade, deveria existir, principalmente para não ocorrer no esquecimento do passado. Quantos escritos feitos sobre essa temática, aonde enfatizamos o extenso patrimônio histórico existente em Capinzal, no meio oeste catarinense.    

Em agosto trouxe uma reflexão de uma residência intimamente ligada com a história deste município que foi construída na década de quarenta – observe a foto acima, primeira, a direita casa feita na década de 40 e a outra, apenas o terreno, sem a casa. Ela foi conhecida como ‘Casa Amarela’, situada na esquina da Rua Dom Vicente Gramazio e Rua XV de Novembro.

Lamentavelmente na sexta, 11/11/2024, essa residência foi brutalmente demolida, sob os olhares enfadonhos, tristes e angustiantes de toda uma comunidade. O jornalista Aldo Azevedo fez uma live, onde mostrou este episódio melancólico que demoliu esse marco histórico do passado capinzalense. Muitos se manifestaram nas redes sociais repudiando o fato; inclusive uma amiga engenheira civil, afirmou ser necessário o progresso, mas, tendo a preservação do contexto histórico!

A perplexidade e a indignação são latentes e, fica a pergunta: onde se encontram as autoridades constituídas deste munícipio no sentido de viabilizar o tombamento de alguns ícones materiais que foram construídos e fizeram a história de Capinzal? Lembro que tombamento não é tirar algo de alguém, existem leis, onde há todo processo indenizatório e, não é qualquer construção que se enquadra em tombamento!

Não me esquecerei daquela retroescavadeira derrubando as paredes, o telhado e a história desta casa, situada em uma esquina movimentada, por onde passei inúmeras vezes e admirava a sua arquitetura! Aquela máquina, desempenhando seu trabalho e com muito barulho, parecia fazer uma ação de forma forçada. Aliás, a técnica de construção utilizada nesta casa, supera as da engenharia atual!

Fico com um pressentimento ruim ao ir à Capinzal no final deste ano, não avistando este monumento histórico, que abrigou várias famílias e fez parte de comunidade ao longo de mais de setenta anos.

Essa residência está demolida! Quantas ainda serão levadas ao chão para as gerações mais novas poderem acordar? Onde estão os professores de História, de Antropologia e outras ciências afins com interesse na preservação do passado? Diga-se que este não é um problema de Capinzal SC, no Mato Grosso do Sul, em Naviraí, onde resido, passamos por frustrações, como ocorreu em relação à demolição da primeira escola pública, pasmem, para construir o Fórum da Comarca local!

Infelizmente vivemos em um país que não aprendeu a valorizar a sua história, muito menos o seu passado. Ecléia Bosi, em seu livro “Lembranças de Velhos”, contando um pouco da história de São Paulo, com entrevistas dos habitantes mais velhos daquela cidade, argumenta que todo o passado material até pode ser destruído, mas, jamais se apagam as memórias, as histórias e a vidas das pessoas, inclusive seus espíritos estarão sempre presentes em cada ação, trabalho e vivencia desenvolvida em sua cidade!

Lembrando-se da trajetória do povo romano antigo, estes procuram educar seus cidadãos por meio da máxima: “Povo sem memória e passado é povo morto”.   

Portanto, acordemos, vamos sair de nossa zona de conforto, ainda há muito para ser preservado, sobretudo frente aos patrimônios culturais dos antepassados, eles não podem apenas fazer parte dos anais da história (livros)!

Será que a derrubada desta casa histórica, levará cada vez mais a demolição de nosso passado?

Pense nisto! Até o próximo!


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