DESABAFO DE UMA FILHA...
Sebastião Pereira
Foi naquela terça-feira (14/11/2006) que quando cheguei ao Ginásio de Esportes para me despedir, brinquei com o Senhor pai, que com sorriso no rosto, retribuiu a brincadeira e disse que era para eu ir à aula, que o senhor iria me buscar em Ipira. Jamais poderia imaginar que iria perder uma das pessoas que mais amava nessa vida, naquela terça-feira.
Chegada à noite, Eu em Ipira, te esperando pai e o Senhor chegou como combinamos. Nunca irei esquecer daquele momento que quando chegou alegre e sorrindo para mim, parou o carro e preocupado ainda perguntou se eu estava te esperando há muito tempo.
Nunca irei esquecer, pai, daqueles momentos na estrada, quando já estávamos voltando para casa, que notei o Senhor diferente e eu ainda te falei, lembra pai? O Senhor estava muito feliz, não me lembro de outra vez que tenha ido me buscar tão alegre assim.
Conversamos muito e até brinquei com o Senhor dizendo que eu sabia que queria ir ao baile, pai, mas que eu ia junto para ver o que o Senhor estava aprontando e lembro de seu jeito meigo e alegre nesse momento, que olhou pra mim e deu risadas. Meu Deus, pai, me recordo de tudo o que nós conversamos, de cada sorriso seu e tudo o que me pediu naquela hora.
Não esta sendo fácil para mim ficar sem o seu carinho, sem os seus beijos e sem o seu amor tão grande de pai, que sentia por mim e meus irmãos.
Sinto muitas saudades de todas as vezes que eu chegava ao Ginásio, me pendurava no seu pescoço, te abraçava, te enchia de beijos e te fazia me abraçar e o Senhor ficava todo sem jeito diante das pessoas e meio com vergonha, porque eu estava sempre demonstrando todo meu carinho e amor de filha para o Senhor.
Pai; parece que o Senhor estava adivinhando que não voltaria mais para casa e queria passar seus últimos momentos de vida com a filha que o Senhor dizia amar tanto.
Sei que foi Deus quem permitiu que estivesse comigo naquela hora, acho que eu não me perdoaria se não fosse assim, como também sei que Deus permitiu tudo isso.
É pai, fiz tudo que pude naquela hora para te ajudar, na hora que bateram na gente eu pedi a Deus, e eu sei que ele estava com a gente.
Ainda estou bastante machucada, mas nenhuma ferida se compara com a dor que sinto de ter te perdido pai, de não poder ter você, meu pai que eu tanto amo, aqui comigo mais.
Sei que agora o Senhor está em um lugar melhor do que aqui, mas eu insisto em te falar aquilo que sempre dizia ao Senhor:
- Pai eu te amo muito.
Escrevo esse desabafo com muitas saudades do meu pai.
De sua filha,
Alexandra Pereira
Sebastião Pereira
* 20/01/1944
+ 15/11/2006
Obs: Peço a toda a população e Sociedade de Capinzal e Ouro que de alguma forma conheceram meu pai, o seu Sebastião, popular Bastião, que saibam que o meu pai perdeu a vida sendo vítima em um ?racha? feito entre dois inconseqüentes que queriam apenas brincar de correr na pista sem conhecer as conseqüências de seus atos. Tiraram a vida de pessoas inocentes e trabalhadoras que viviam pra suas famílias. Que venham parar com esse crime e que por favor, não se calem diante das coisas porque desta vez foi meu pai quem perdeu a vida e os criminosos ainda continuam impunes, mas amanhã ninguém está livre de que possa ser a vida de um de seus familiares também.
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