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A ESCOLA EM MEMÓRIAS...
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- Evani Marichen Lamb Riffel (Pedagoga e Psicopedagoga).
Por Evani Marichen Lamb Riffel
...Aquela imagem da escolinha isolada, que trago comigo, tem aniversários tantos e lembranças tantas...
Data de 1976... Longos e breves 43 anos... Ufa!!! Como passou rápido este longo tempo!
O perfil do professor da época, mestre atribulado em funções, porém era muito valorizado na sociedade, hierarquia da época: o médico, o padre, o professor, o delegado, vistos com respeito e valorização.
...Rememorando as funções do professor das Escolas Isoladas Estaduais daquela época:
Era professor de "primário" com quatro turmas numa só sala de aula, um quadro de giz que dividia ao meio e concentrava o conteúdo (cópia), para 2 níveis de aprendizagem, neste único quadro negro.
Diga-se de passagem, havia a presença da teoria de Vygotsky naquela sala de aula tradicional, considerando aqui que: "O processo de ensino-aprendizagem inclui aquele que aprende aquele que ensina e a relação entre estas pessoas, mediação e interação." Sim, naquelas carteiras de sentar em dois ou três alunos, o saber era socializado, aquele que sabia mais ensinava o colega e a professora mediava as atividades de quatro níveis do antigo primário, ao mesmo tempo, no mesmo espaço. Havia um clima de cooperação e socialização de saberes científicos e práticos e muito respeito.
- Socialização de saberes e aula prática na escola tradicional??
-Ensino meramente enciclopedista?
Tinha professores e "professores."
Nesse tempo, quando a professora era, além de professora, merendeira, fazia serviços gerais de limpeza da escola, cultivo da horta escolar, puxar água do poço num potreiro próximo. Sem água encanada fazer a merenda no fogão a lenha, com lenha que era trazida numa bolsa por alunos, previamente escolhidos para aquele dia. Todos queriam ajudar... Em tudo!
Isso é prática, aprender para o cotidiano da vida...
Nada assemelhado a trabalho forçado, apenas pequenas contribuições que ensinavam, cooperavam com o professor "faz tudo" da época. As crianças ajudavam puxar água em pequenos baldes, passar pano na escola, passar cera e lustrar com o antigo escovão ou com panos embaixo dos pés, deslizando e brincando ao mesmo tempo, lavar e secar a louça da merenda, cultivar a horta quando os pais traziam adubo e faziam os canteiros (serviço pesado). Pais compareciam com gosto auxiliar nesta tarefa, para depois os alunos e a professora colher as verduras e legumes para colorir a merenda com vitaminas, minerais e fibras.
Ah! Aquele guardapó branco acolhia as histórias todas, em meio ao encanto dos matutos que iam lapidando o barro bruto com porções de saber diário. Até chegar o dia de decifrar o mundo daquele livro, do qual a professora todos os dias lia um pouco. Encanto que acordava mundos nas cabecinhas voadoras que adentravam castelos, espaços desconhecidos, viravam príncipes, dragões, dinossauros, lobos, duendes, fadas.
Professora e um pouco fada, com a varinha de condão na mão, acordava os olhos para a "boca de contar" um dos preferidos clássicos infantils, onde o lobo mau saltava das páginas e corria atrás dos três porquinhos, que sempre acabavam salvos. Ufa ainda bem!!!...
O livro se fecha mas amanhã a professora conta mais... Histórias!!!!...
Idos tempos saudosos, quando meninos e meninas tinham a sacolinha costurada do tecido dos sacos de açúcar, para levar o escasso material escolar.
"Tempos de dantes" que não tinha transporte escolar, a escola era longínqua e muitos pequenos estudantes seguiam de pés descalços nas manhãs frias e nebulosas de inverno.
Mas... "invernos não eternizam cristais" e daqueles tempos ficaram ricas lembranças, muitas não registradas, porém, todavia, contudo, guardadas no baú das memórias daqueles que o viveram.
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