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Sobre golpes e golpistas

  • - Mario Eugenio Saturno

Mario Eugenio Saturno (cientecfan.blogspot. com) é Tecnologista Sênior do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE) e congregado mariano

Em 31 de março de 1964, os militares deram um Golpe de Estado no Brasil derrubando o governo do presidente democraticamente eleito João Goulart, o Jango. Na verdade, foi no dia 1.º de abril de 1964, inventaram que começou no dia anterior para não ser uma piada pronta. Que fique claro, militares que juraram respeitar a Constituição, a democracia, os brasileiros e seus representantes. Ou seja, traidores da Pátria.

Que fique bem claro: Golpe de Estado é a subversão da ordem constitucional e tomada de poder por indivíduo ou grupo de certo modo ligados à máquina do Estado, segundo o dicionário Aurélio. Como militar faz parte do Estado, então foi golpe de estado. Revolução era o que os guerrilheiros comunistas tentaram fazer.

O Golpe Militar teve grande apoio da imprensa, dos grandes proprietários rurais, dos industriais paulistas, uma grande parte da classe média e da Igreja Católica. Estavam todos preocupados com as tendências e ações comunistas do Jango.

Como eu nasci em 1962, posso até dar um desconto nas intenções dos militares (mas golpista é traidor da Pátria), porém a canalhice ficou demonstrada com o Ato Institucional Número Cinco (AI-5) emitido pelo presidente Artur da Costa e Silva em 13 de dezembro de 1968, assassinando a Constituição que juraram respeitar (prova que são traidores), cassando os parlamentares contrários aos militares, intervindo nos municípios e estados e também na suspensão das garantias constitucionais e que resultaram na tortura e assassinatos de brasileiros que nada tinham a ver com a resistência comunista. Aliás, vários militares também foram vítimas da ditadura militar.

Não tem como não fazer um paralelo com a Península Ibérica, durante os tempos sombrios da Inquisição, que para se livrar de uma grande dívida, bastava denunciar o judeu ao Tribunal. Ou seja, coisa vil de quem não honra compromissos assumidos, atraiçoa pessoas que lhe confiaram um tesouro.

E se há uma verdade é que a Junta Militar destruiu o futuro do país, basta olhar o gráfico de Crescimento do PIB desde 1901 e verificar que o Brasil crescia muito até 1976, quando tudo começou a desandar. O país teve dificuldades em 1930 e 1931, depois, em 1940 e 1942, mas a partir de 1981, a nação nunca repetiu o crescimento visto de 1943 a 1980. Certamente, a culpa também foi o desperdício de bilhões de dólares em investimentos inúteis como programa nuclear importado (incluía tecnologia em desenvolvimento que não funcionou) e a Transamazônica no início dos anos 1970. Um dia a conta chega e os juros sobem.

O economista Antonio Delfim Netto, que foi o maior ministro da área econômica durante o regime militar, culpa o ex-presidente Ernesto Geisel pelo fracasso ainda quando este era presidente da Petrobras no governo Médici. Em 1972, Giscard D´Estaing, ministro de finanças da França, alertou Delfim que os árabes fariam o cartel (OPEP) e subiriam o preço do petróleo de US$ 1,20 para US$ 6 por barril. Geisel não aceitou abrir o mercado, tornou-se presidente e quebrou o país na crise do petróleo de 1979. Restando à ditadura apenas devolver o poder aos civis em 1985.


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