Prof. Dr. Adelcio Machado dos Santos Jornalista (MT/SC 4155)
Em primeiro lugar, neste 12 de novembro de 2025, o Brasil celebra os 83 anos de um de seus maiores artistas: Paulinho da Viola. Cantor, compositor, instrumentista e símbolo da elegância no samba, Paulinho representa um elo raro entre tradição e modernidade, entre o lirismo das velhas rodas de samba e a sofisticação musical que o consagrou como um dos grandes nomes da Música Popular Brasileira. Nascido em 1942, no bairro de Botafogo, no Rio de Janeiro, Paulo César Batista de Faria cresceu cercado por música. Filho do violonista César Faria, integrante do lendário conjunto Época de Ouro, ele respirou desde cedo o ambiente das rodas de choro e samba que formaram sua sensibilidade artística.
Outrossim, nos anos 1960, ao participar das rodas do Zicartola – reduto de sambistas tradicionais como Cartola, Nelson Cavaquinho e Zé Kéti –, Paulinho da Viola consolidou seu estilo: uma combinação de respeito à tradição e refinamento harmônico e poético. Suas composições, como “Foi um rio que passou em minha vida”, “Coração leviano”, “Dança da solidão” e “Sinal fechado”, são exemplos da sutileza com que traduz os sentimentos humanos e o cotidiano brasileiro. Em cada verso, há uma delicadeza que revela não apenas o sambista, mas o poeta, o cronista das emoções simples e profundas.
Destarte, ao longo das décadas, Paulinho construiu uma carreira marcada pela coerência e pelo cuidado artístico. Nunca se deixou levar por modismos ou pressões comerciais. Sua discografia é uma aula de bom gosto, onde a qualidade da poesia caminha junto à excelência musical. O timbre suave, o toque preciso do violão e o fraseado sereno transformaram-no em um intérprete inconfundível. Mesmo em tempos de efemeridade cultural, Paulinho sempre se manteve fiel à sua essência, preservando a dignidade do samba e das tradições cariocas.
Ademais de cantor e compositor, Paulinho da Viola é também um artesão do som. Conhecido por sua dedicação ao choro, ele herdou do pai e dos mestres de sua juventude o amor pela sonoridade pura do violão e do cavaquinho. Essa ligação com o choro o aproxima de nomes como Pixinguinha, Jacob do Bandolim e outros grandes instrumentistas que fizeram da música brasileira um patrimônio universal. Ao mesmo tempo, Paulinho soube renovar esse legado, levando o gênero às novas gerações sem jamais descaracterizá-lo.
No entanto, compositor de alma serena e homem de fala mansa, Paulinho é um exemplo de elegância ética e estética. Sua postura pública é tão admirável quanto sua obra. Em um país de contrastes e incertezas, ele representa a serenidade e a coerência de quem acredita na arte como forma de resistência e beleza. Sua vida e música se confundem: ambas são marcadas por uma delicada harmonia, pelo respeito ao tempo e pela crença na permanência do que é verdadeiro.
Por conseguinte, celebrar os 83 anos de Paulinho da Viola é celebrar também a história do samba, do Rio de Janeiro e da cultura popular brasileira. É reconhecer a importância de um artista que, sem alarde, construiu uma trajetória luminosa e inspiradora. O “menestrel do samba”, como muitos o chamam, segue encantando gerações com sua voz calma e sua poesia atemporal. Em um mundo cada vez mais apressado, Paulinho nos ensina o valor da pausa, do silêncio e da escuta. Sua música é um convite à contemplação e à emoção genuína.
Em epítome, hoje, ao completar mais um ano de vida, Paulinho da Viola reafirma seu lugar entre os grandes mestres da música brasileira. Sua arte continua a ecoar, suave e firme, como o som de um violão que atravessa o tempo.
Por final, o menestrel pode seguir cantando e encantando, lembrando-nos, com sua sabedoria e sensibilidade, de que o samba se configura em mais do que um ritmo: trata-se de forma de viver e de sentir o Brasil.
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