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Os ricos, o Bolsa Família e a escravidão

Prof. Evandro Ricardo Guindani Universidade Federal do Pampa - Unipampa

Atualmente resido na campanha gaúcha, extremo sul do Rio Grande do Sul, na fronteira com Uruguai. Entre os séculos XVIII ao início do século XX, a região ficou conhecida como a terra das charqueadas, onde havia produção e venda do charque em grandes fazendas, conhecidas como estâncias. A poupulação era dividida entre os estancieiros, poucos comerciantes e peões de estância.

Aqui na cidade conheci uma pessoa, um homem negro de 60 anos, que já foi peão de estância até conseguir se mudar para a cidade. Me relatou que entre o ano 2000 a 2010 trabalhava no campo, em diferentes atividades e uma delas era fazer buracos para cerca. Passava a semana toda em um campo, dormindo debaixo de uma barraca improvisada com madeira, lona e latão. Ganhava em média 15 a 20 reais por dia. Você que está lendo este artigo já trabalhou doze horas por dia em um sol de 40 graus num campo sem nenhuma árvore, cavando buraco no braço? Sim, esta era a rotina de muitos peões (que chamo de escravos), num tempo não muito distante, entre 1950 a 2010. Segundo este conhecido, por volta do ano 2005 começou uma fiscalização do Ministério do Trabalho  e as coisas mudaram um pouco.

Com esse breve relato, entendemos um pouco da história da construção da riqueza em países onde há muita desigualdade social. Existe um exército de pessoas famintas que se sujeitam a tudo. Paralelo a isso, há uns anos atrás ouvi uma notícia onde muitas famílias ricas brasileiras se queixavam que nas festas de final  de ano, estava difícil conseguir gente para trabalhar, garçons, etc... Além disso, reclamavam que o Programa Bolsa Família estava deixando as pessoas acomodadas sem querer trabalhar.

Esses ricos também defendem que sua riqueza é fruto de muito trabalho. Será que trabalharam durante anos fazendo buracos para cerca, e enriqueceram ganhando 15 reais por dia?

Percebo que precisamos analisar a realidade com mais profundidade. Será que as pessoas não querem mais trabalhar ou não querem mais se escravizar? Acordar 6h da manhã, pegar condução, ou até mesmo um carro de aplicativo até o trabalho, retornar a noite pra casa, numa rotina de seis dias por semana, ganhando 1.500 reais, para mim é escravidão!

Há uns dias atrás resolvi ajudar o pedreiro na construção da minha casa, fazendo fundação e concretagem de uma estrutura. Depois de três horas trabalhando no sol de 35 graus, entendi perfeitamente porque está faltando gente para esse tipo de serviço. Não apenas entendi, como senti na pele. Sabem por que o tal empreendedorismo está em alta? Porque as pessoas fazem qualquer coisa pra tentar sair da escravidão desse trabalho escravo braçal...

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