Prof. Evandro Ricardo Guindani

Universidade Federal do Pampa - Unipampa

Nas últimas semanas nos deparamos com muitos homens no alto de sua masculinidade tóxica moralista, querendo acusar mulheres de defenderem o abordo e ainda pior, defendendo pena menor para estupradores.

E para completar um determinado parlamentar, ao tentar miminizar dados de pesquisa científica, disse que a sua fonte era Deus e não pesquisas. Isso parece algo bizarro, nos remete à idade da pedra lascada, e até cômico. Revela ter um cérebro de minhoca. Desde 2018 começamos a presenciar esse tipo de discurso religioso mais intenso no meio político. Um discurso retrógado, ultrapassado, negacionista, representa um retrocesso cognitivo e principalmente ético e humanitário. Infelizmente, entre 2019 a 2022 tivemos esse discurso sendo proferido por autoridades eleitas e ministros de Estado, que enchiam a boca falando em nome desse tal “Deus”.

Quando me deparei com isso, depois de ter estudado durante mais de dez anos a história brasileira, me aprofundado em filosofia e sociologia política, nunca imaginei que teríamos políticos e gestores públicos desse nível. Sempre achei que não exisitiriam mais pessoas com coragem de falar certas coisas que eram ditas apenas em séculos passados. Eu estava enganado.

Como professor percebo que nossa tarefa é cada vez mais importante, principalmente com as crianças, porque os adultos que foram contaminados com esse virus do negacionismo e moralismo religioso, parece mais dificil de serem resgatados. Seus neurônios já foram sequestrados, os vídeos que assistem já estão sendo escolhidos pelo tal algoritmo. Em síntese, quanto mais você assiste um determinado tipo de conteúdo, mais você receberá novos vídeos sobre o mesmo assunto. Ou seja, quem não sai do celular vendo um video atras do outro tem poucas chances de pensar diferente ou questionar o que está assistindo.

Essas pessoas entram numa bolha, e nessa bolha são defendidas determinadas concepções de mundo, e inclusive de “deus”. Por isso sempre digo que a crença do monoteísmo, que existe um mesmo “Deus” para todos, é uma grande invenção da mente humana. Cada grupo religioso, defende um determinado “Deus”. Dentro das próprias religiões evangélicas e protestantes, algumas se sentem defensoras do “Deus verdadeiro” em detrimento das demais. Essas mesmas que dizem falar em nome desse “Deus”, condenam a ciência, porque é muito mais fácil acreditar do que estudar, pesquisar. É muito mais fácil acreditar em um líder político-religioso imbecil, do que ler cem páginas de um livro.

Lutemos pela defesa da ciência e do bem estar da humanidade!