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DAS CIÊNCIAS DA COGNIÇÃO À CIÊNCIA COGNITIVA - V I I

  • - Adelcio Machado dos Santos

 Quem olhar para o desenvolvimento da Ciência Cognitiva nas últimas décadas verá um estranho cenário.

Em pouco mais de 40 anos de existência oficial, ela apresenta uma enorme disseminação. Embora sempre enfatizando seu projeto interdisciplinar, esta nova Ciência sempre foi assinalada por uma oscilação entre o estudo do cérebro por oposição ao estudo da mente.

Uma oscilação teve como conseqüência o predomínio de uma disciplina ou de uma perspectiva específica na maneira como arquitetou sua investigação e sua proposta de interdisciplinaridade. Nas primeiras décadas de sua história, a Ciência Cognitiva apostou na analogia entre mentes e computadores, entre pensamento e símbolos.

A mente seria o software do cérebro e a aposta na possibilidade de simulá-la por meio de programas computacionais fez com que a Computação ocupasse um lugar privilegiado neste cenário inicial.

A evidência no caráter simbólico da cognição começa a ser questionada a partir de meados dos anos 80. Esperava-se muito mais da IA (inteligência artificial) simbólica do que ela poderia dar (TEIXEIRA, 2004).

Embora o conexionismo tenha representado um retorno à busca de um substrato biológico e cerebral da cognição, seu projeto rapidamente encontrou limitações epistêmicas. A insatisfação com estas duas abordagens - a IA simbólica e o conexionismo - parece ter sido a motivação para a proposta de uma terceira: a nova robótica.

A nova robótica apostou na idéia de que a psicologia poderia ser um ramo da engenharia, na medida em que esta proporcionaria os elementos para a construção de robôs inteligentes. Entretanto, a grande dificuldade da nova robótica continua sendo a possibilidade de simular atividades cognitivas humanas que não poderiam prescindir de algum tipo de representação simbólica, como é o caso, por exemplo, da linguagem (TEIXEIRA, 2004).

Tanto a nova robótica como a neurociência cognitiva tem trazido grande inquietação ao cenário já conturbado da ciência cognitiva.

Um dos maiores motivos para tal inquietação tem sido o temor de que a própria idéia de mente se dissolveria ou seria pura e simplesmente reduzida à atividade cerebral, ou à produção de comportamento inteligente a partir de algum tipo de mecanismo.

A cognição não pode ser descrita como um fenômeno intrínseco ao cérebro com o meio ambiente, uma relação que ocorre na medida em que o organismo atua num meio ambiente.

 A aposta da nova robótica é que comportamentos inteligentes e formas mais sofisticadas de cognição possam vir a aparecer desta interação com o meio ambiente.

 Esta evidência na possibilidade de aprendizado em detrimento de uma pré-programação faz com que a construção destes agentes autônomos possa ser vista como um verdadeiro teste do peso, que se necessita atribuir a fatores ambientais na determinação da cognição.

A Ciência Cognitiva, por sua aliança com a ciência da computação, parece ter caminhado numa direção oposta, buscando a construção de modelos da cognição dotados da maior generalidade possível - uma generalidade derivada da origem matemática da própria ciência da computação.


Jor. Adelcio Machado dos Santos  (MTE/SC nº 4155 - JP).


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