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A morte e a religião

Prof. Evandro Ricardo Guindani Universidade Federal do Pampa - Unipampa

Estava eu na fila do supermercado e ouvi uma conversa entre duas pessoas, que falavam sobre a despedida dos entes queridos na morte. Interessante que nenhuma delas aparentava frequentar igrejas, porém, ambas não aceitavam a ideia de uma despedida final com a morte. Acreditavam que haveria um novo encontro com a pessoa que faleceu, em outro plano espiritual, mesmo não sendo da forma exata como as religiões pregam.

Estudiosos das ciências da religão afirmam que a religião surge, na história da humanidade, no momento em que as pessoas se deparam com a morte e com o sofrimento. A religião surge no momento da impotência humana em conseguir explicar ou resolver determinado problema. Quando a dimensão cognitiva não alcança, busca-se a crença para saciar a incerteza.

Ouvindo aquela conversa das pessoas, percebi que essa teoria do surgimento da religião tem fundamento pois as mesmas, aparentemente não eram adeptas a nenhum sistema de crenças, seja ele cristão ou qualquer outro. Isso comprova que muitas pessoas parecem não conseguir conviver com a dor da perda e do rompimento.

Há mais de 20 anos, depois de um lento e doloroso processo, eu desconstruí minhas crenças religiosas que haviam sido impostas a mim desde criança. Depois disso já perdi os quatro avós, amigos e tios muito amados, e ao me despedir dos mesmos, sempre entendi que seria uma despedida final. Isso gera uma tristeza que vai ao fundo da alma e não encontra nenhuma crença para consolar, é realmente desesperador. Vivendo essas experiências, imagino o que não acontece com aqueles que perdem pessoas muito próximas, de forma repentina, como filhos, pais e irmãos... A crença é algo alentador, é como um forte analgésico naquele momento em que a dor se torna insuportável.

Não há problema nenhum em utilizar uma crença como analgésico para a dor, imagine uma mãe perdendo um filho no auge da juventude?

Em síntese, a morte, apenas nos ajuda a entender que diante dela, temos dois caminhos: enfrentá-la com auxílio de crenças ou, mergulhar sozinho na aventura do mistério e da incerteza! A escolha é sua!


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