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Poupança X meio ambiente

Professora e doutora em Ecologia

Gastão Fonseca era funcionário de uma grande empresa e ganhava altos salários. Feliz com sua sorte ganhava e gastava tudo. Gastou inclusive a herança deixada por seus pais. Faz dois meses que Fonseca perdeu o emprego e agora amarga a mesma triste sorte dos que nunca tiveram nada.
       Assim como Fonseca, os habitantes do Planalto e do Oeste de Santa Catarina, Paraná e Rio Grande do Sul gastaram toda a herança ecológica que receberam de seus pais. 

       Herdaram nascentes e rios repletos de águas limpas, 85% de cobertura florestal, milhares de espécies de animais, plantas e microorganismos, chuvas intensas e bem distribuídas, além de terras férteis, favoráveis à agricultura de soja, trigo, milho, feijão e às criações de frango, porcos, gado...
       A chuva abundante equivale ao salário mensal do Gastão: enquanto chove regularmente os habitantes não sentem falta de nascentes abastecidas, não sentem falta das florestas, pois aquela que cai sacia as necessidades humanas e do meio ambiente. Mas, quando o clima resolve pregar uma peça e as chuvas não são tão freqüentes, nem tão abundantes, a seca se instala, nascentes e rios cessam de correr e a agricultura e a pecuária fenecem.

      Está na hora de políticos, autoridades civis, religiosas e educacionais entenderem os sistemas ecológicos. Para que o problema da seca no futuro seja minimizado, urge recuperar com florestas imensas áreas de terras improdutivas (criar reservas públicas em áreas devastadas, que através de ações de recuperação poderão se tornar as grandes manchas florestais do futuro); efetuar o gerenciamento integrado das bacias hidrográficas, com implantação de vegetação protetora de rios e de nascentes; proteger os remanescentes florestais que ainda existem; gerenciar o uso e a conservação das águas subterrâneas (aqüífero guarani); adotar práticas conservacionistas no manejo agrícola, na criação de frangos, suínos e gado; bem como educar a população.
       Fonseca hoje reconhece o valor da poupança e se pudesse a iniciaria imediatamente. Os catarinenses, gaúchos e paranaenses precisam fazer poupança ambiental!


Artigo - LÚCIA SEVEGNANI/ Professora e doutora em Ecologia
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