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É BOM SABER..
O LIVRO DOS ESPÍRITOS ? 150 ANOS
O Livro dos Espíritos (Le Livre des Esprits), publicado em 18 de abril de 1857, é o primeiro livro sobre a Doutrina Espírita publicado pelo educador francês Hippolyte Léon Denizard Rivail, conhecido como Allan Kardec. É uma obra básica do Espiritismo e foi lançado por Kardec após seus estudos sobre os fenômenos que, segundo muitos pesquisadores da época, possuíam origem mediúnica e estavam difundidos por toda a Europa durante o Século XIX.
Apresenta-se na forma de perguntas, dirigidas ao que Kardec defendia serem espíritos, e respostas, totalizando 1.019 tópicos. Foi o primeiro de uma série de cinco livros editados pelo pedagogo sobre o mesmo tema.
As médiuns que serviram a esse trabalho foram inicialmente Caroline e Julie Boudin (respectivamente, 16 e 14 anos à época), às quais mais tarde se juntou Celine Japhet (18 anos à época) no processo de revisão do livro. Após o primeiro esboço, o método das perguntas e respostas foi submetido a comparação com as comunicações obtidas por outros médiuns franceses, totalizando em "mais de dez", nas palavras de Kardec, o número de médiuns cujos textos psicografados contribuíram para a estruturação de O Livro dos Espíritos, publicado em 18 de Abril de 1857, na capital francesa, contendo 550 itens. Só a partir da segunda edição, lançada em 16 de março de 1860, com ampla revisão de Kardec mediante o contato com grupos espíritas de cerca de 15 países da Europa e das Américas, aparecem as atuais 1019 perguntas e respostas.
A obra se divide em quatro "livros", como comumente se dividiam as obras filosóficas à época, que tratam respectivamente:
Das causas primárias - abordando as noção de divindade, Criação e elementos fundamentais do Universo.
Do mundo dos Espíritos - analisando a noção de Espírito e toda a série de imperativos que se ligam a esse conceito, a finalidade de sua existência, seu potencial de auto-aperfeiçoamento, sua pré e sua pós-existência e ainda as relações que estabelece com a matéria.
Das leis morais - trabalhando com o conceito de Leis de ordem Moral a que estaria submetida toda a Criação, quais sejam as leis de: adoração, trabalho, reprodução, conservação, destruição, sociedade, progresso, igualdade, liberdade e justiça, amor e caridade.
Das esperanças e consolações - concluindo com ponderações acerca do futuro do homem, seu estado após a morte, as alegrias e obstáculos que encontra no além-túmulo.
É chegada a época de conhecer a verdade e o Espiritismo vem elucidar questões importantes de maneira aberta, sem equívocos e sem simbologias. Ele não exige uma crença cega; ao contrário, basta saber por que se crê para que a fé em Deus seja verdadeira, fundamentada na razão.
Ao demonstrar a imortalidade da alma, o Espiritismo reaviva a fé no futuro, mostrando-nos que esse futuro pode ser bom, dependendo apenas de nós mesmos.
O Livro dos Espíritos é a compilação dos ensinamentos dessa doutrina renovadora, que nos faz entender tudo o que antes parecia incompreensível.
Eis uma obra que, mais do que um livro para ser lido, é um manual de conduta para a vida.
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HÁ UM SÉCULO
Allan Kardec, o Codificador da Doutrina Espírita, naquela manhã de abril de 1860, estava exausto, acabrunhado. Fazia frio.
Muito embora a consolidação da Sociedade Espírita de Paris e a promissora venda de livros, escasseava o dinheiro para a obra gigantesca que os Espíritos Superiores lhe haviam colocado nas mãos. A pressão aumentava... Missivas sarcásticas avolumavam-se à mesa.
Quando mais desalentado se mostrava, chega a paciente esposa, Madame Rivail ? a doce Gaby ? a entregar-lhe certa encomenda, cuidadosamente apresentada.
O professor abriu o embrulho, encontrando uma carta singela. E leu:
Sr. Allan Kardec:
Respeitoso abraço.
Com a minha gratidão, remeto-lhe o livro anexo, bem como a sua história, rogando-lhe, antes de tudo, prosseguir em suas tarefas de esclarecimento da Humanidade, pois tenho fortes razões para isso.
Sou encadernador desde a meninice, trabalhando em grande casa desta capital.
Há cerca de dois anos casei-me com aquela que se revelou minha companheira ideal. Nossa vida corria normalmente e tudo era alegria e esperança, quando no início deste ano, de modo inesperado, minha Antoniette partiu desta vida, levada por sorrateira moléstia.
Meu desespero foi indescritível e julguei-me condenado ao desamparo extremo. Sem confiança em Deus, sentindo as necessidades do homem no mundo e vivendo com as dúvidas aflitivas de nosso século, resolvera seguir o caminho de tantos outros, ante a fatalidade...
A prova da separação vencera-me, e eu não passava, agora, de trapo humano. Faltava ao trabalho, e meu chefe, reto e ríspido, ameaçava-me com a dispensa. Minhas forças fugiam. Namorara diversas vezes o Sena, e acabei planejando o suicídio. ? Seria fácil, não sei nadar? ? pensava.
Sucediam-me noites de insônia e dias de angústia. Em madrugada fria, quando as preocupações e o desânimo me dominaram mais fortemente, busquei a Ponte Marie.
Olhei em torno, contemplando a corrente. E, ao fixar a mão direita para atirar-me, toquei um objeto algo molhado que se deslocou da amurada, caindo-me aos pés.
Surpreendido, distingui um livro que o orvalho umedecera. Tomei o volume nas mãos e, procurando a luz mortiça de poste vizinho, pude ler, logo no frontispício, entre irritado e curioso:
?Esta obra salvou-me a vida. Leia com atenção e tenha bom proveito. ? A. Laurent.?
Estupefato, li a obra ? O Livro dos Espíritos ? ao qual acrescentei breve mensagem, volume este que passo às suas mãos abnegadas, autorizando o distinto amigo a fazer dele o que lhe aprouver?.
Ainda constavam da mensagem agradecimentos finais, a assinatura, a data e o endereço do remetente.
O Codificador desempacotou, então, um exemplar de O Livro dos Espíritos, ricamente encadernado, em cujo viu as iniciais do seu pseudônimo e na página do frontispício, levemente manchada, leu com emoção não somente a observação a que o missivista se referira, mas também outra, em letra firme:
?Salvou-me também. Deus abençoe as almas que cooperaram em sua publicação. ? Joseph Perrier?.
Após a leitura da carta providencial, o Professor Rivail experimentou nova luz a banhá-lo por dentro...
Aconchegando o livro ao peito, raciocinava, não mais em termos de desânimo ou sofrimento, mas sim na pauta de radiosa esperança.
Era preciso continuar, desculpar as injúrias, abraçar o sacrifício e desconhecer as pedradas... Diante de seu espírito turbilhonava o mundo necessitado de renovação e consolo.
Allan Kardec levantou-se da velha poltrona, abriu a janela à sua frente, contemplando a via pública, onde passaram operários e mulheres do povo, crianças e velhinhos... O notável obreiro da Grande Revelação respirou a longos haustos (profundamente), e, antes de retomar a caneta para o serviço costumeiro, levou o lenço aos olhos e limpou uma lágrima...
O Espírito da Verdade ? Chico Xavier e Waldo Vieira ? Reformador abril/2007.
Centro Espírita Amor e Caridade ? Rua José Zortéa, 204 ? CAPINZAL SC.
Palestras públicas (gratuitas) ? Segundas-feiras ? a partir das 19:50 horas.
Estudos Doutrinários (gratuitos) Quartas-feiras ? 14:30 às 15:30 e 20 a 21 hs.
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