DA COR DA NOITE BELA
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- Evani Marichen Lamb Riffel (Pedagoga e Psicopedagoga).
Por Evani Marichen Lamb Riffel
Era uma vez uma menina desnuda de conformismo e apatia. Quando na vida, nos lugares, na escola, nas brincadeiras, na rua, na praça, no transporte, sentia a ação exclusiva de um apartheid social, sem escolha, sem sorte teimava: -SE ELES PODEM TAMBÉM POSSO!!!...
Era uma menina curiosa, estudiosa, criativa e dedicada. Fazia parte da turma da escola que estudava no andar de baixo.
-E quem ocupava o andar de cima?
-Ora, ora era a turma dos mais em tudo: mais abastados, da cor do leite, os escolhidos para anjinhos dos olhos azuis, escolhidos para encenar peças teatrais, para declamar poemas, representantes dos festivais, enfim...
Ah!!!... como ela, a menina, queria fazer parte daquela parte: da parte cultural.
Na casa da menina não tinha móveis bonitos, nem a casa era bonita, não tinha riqueza literária em livros mas tinha a riqueza das palavras, das histórias contadas pela mãe, pela tia, pela avó... E, ela, a menina caçava e enclausurava as palavras... Enclausurava na hora do conto mas não aprisionava, elas voavam para a escola na mochila com ela... Libertava os contos para a professora, para os colegas. Com tantos contos e recontos a menina conquistava mais um ponto.
Num belo dia, a menina que era teimosa, que tinha uma mãe que participava das reuniões escolares e ficava indignada que só os pais do andar de cima tinham a palavra, quando conseguia botava o verbo para fora. Sim, ela puxou à mãe. A vó dizia: "A fruta não cai longe do pé."
Teimou que teimou e subiu para o andar de cima da escola, para descontentamento de alguns e admiração de outros. Não havia mais como ignorar a menina que queria poetar, teatrar e ser anjinho mesmo sendo da cor da noite bela...
E... Os anos passaram... A menina cresceu e paginou suas escrevivências em livros... Livros com alma!
...Ela, a menina da cor da noite bela!
(Texto criado pela professora Evani Marichen Lamb Riffel inspirada na vida e obras de Conceição Evaristo).
Caro(a) Leitor, um fragmento do livro...
Trecho do conto "Olhos d'água" (Conceição Evaristo)
"A mãe, então, espichava o braço que ia até o céu, colhia aquela nuvem, repartia em pedacinhos e enfiava rápido na boca de cada uma de nós. Tudo tinha de ser muito rápido, antes que a nuvem derretesse e com ela os nossos sonhos se esvaecessem também. Mas, de que cor eram os olhos de minha mãe?"
P. S.
DICA DE LEITURA com transporte às escrevivências de Conceição Evaristo: "Olhos D'àgua.
E-mail: evaniriffel@bol.com.br
WhatsApp: (49)999332139
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