Prof. Evandro Ricardo Guindani Universidade Federal do Pampa - Unipampa

Santa Catarina é um Estado que está ficando famoso no Brasil por algumas coisas que nos envergonham, como catarinenses. Matéria da Folha de São Paulo de 16/8/2024 tinha a seguinte manchete: “Relatora da ONU vê preocupação com neonazismo em SC”. A página online da Associação dos Clubes de Tiro do Brasil informa que em 2022, o Estado de SC era o líder em clubes de tiro per capita.

Em matéria publicada pelo Portal UOL no dia 20/4/2024 o Brasil e o mundo ficaram sabendo que o Ministério Público de Santa Catarina (MPSC) abriu procedimento preliminar para investigar a conduta de uma prefeita bolsonarista que gravou um vídeo encenando o arremesso de dois livros didáticos no lixo…

Como se não bastassem esses fatos absurdos, nazismo, armas na mão e livros no lixo, o Estado também virou referência no turismo político. É isso mesmo, tem interesse em usar o voto do povo para realizar seu desejo em ser vereador, deputado, senador? Venha para Santa Catarina!!!

Um município de Santa Catarina começou recebendo turistas não apenas em suas praias, mas também na Câmara de Vereadores, me refiro aqui a Balneário Camboriú que conseguiu conferir o poder legislativo para Jair Renan Bolsonaro, um turista carioca que transferiu seu título em 2023 para concorrer às eleições em 2024.

Agora, o Portal G1 no último dia 28/10 divulga a seguinte notícia: “Carlos Bolsonaro confirma pré-candidatura ao Senado por Santa Catarina”. Santa Catarina de braços abertos recebendo políticos com claro interesse pessoal para usar e abusar de seus eleitores e de suas vagas no Senado Federal. Que maravilha! Que orgulho de ser catarinense!

É claro que esse grupo já possui um histórico nessa prática de turismo político e interesse eleitoreiro. Rosângela Moro usou o eleitor paulista para se eleger, assim como de uma hora para outra, o carioca Tarcísio de Freitas se torna um profundo conhecedor de São Paulo e repentinamente vira Governador.

A palavra “político” se origina da palavra grega “pólis”, ou seja, cidade. O político então é aquele que surge da cidade para cuidar a cidade. Político e pólis possuem uma ligação, a mesma carne, o mesmo tecido. Se ele não nasceu na cidade, ele precisa pelo menos ter uma vivência de luta por esta cidade e não apenas nadar nas praias, beber nas baladas ou praticar tiro em clubes.

É ridículo presenciar tais cenas, é a maior prova de que precisamos aumentar a carga horária de filosofia e sociologia nas escolas. Uma maior formação política e cidadã poderá conter e desmascarar esses interesseiros fantasiados de políticos.

Que vergonha, Santa Catarina!

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