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RELIGIÃO NÃO SE ENSINA, SE VIVENCIA PELA EXPERIÊNCIA...

  • - Evandro Ricardo Guindani


A experiência religiosa é algo intransferível, é como o número de nosso CPF, ele somente me identifica e não posso emprestar essa identificação a mais ninguém. Como já disse Rubem Alves: "sobre ´Deus´ só posso falar daquilo que acontece em mim".

Isso é algo antropológico, da nossa própria natureza... Como explicar a alguém - em palavras - a dor que você sente ao queimar sua mão no fogo? Somente entenderá sua dor alguém que já queimou a mão no fogo...

A nossa dimensão espiritual perpassa pela dimensão da experiência... É por esse motivo que muitas crianças odeiam ir para a catequese... Cada um precisa ter o seu momento de fazer essa experiência...

Geralmente aprendemos a andar de bicicleta quando temos muita vontade de andar, e somente fazemos isso quando chega o nosso momento de querer andar...

Toda experiência somente gera aprendizagem quando ela é feita a partir de dentro, a partir do coração, a partir do desejo... A experiência da aprendizagem é uma experiência que parte do vazio, da ausência...

Portanto, a verdadeira experiência religiosa acontece a partir da necessidade de cada pessoa...

Se quiser aprofundar mais sobre isso leia o livro do filósofo da educação, o gaúcho Hugo Assmann (Curiosidade e prazer de aprender: o papel da curiosidade na aprendizagem criativa)

Deixe seu filh@ brincar com "Deus", como el@ brinca com um carrinho ou boneca... Assim você contribuirá para que ele faça a experiência religiosa e não apenas aprenda a religião de fora para dentro...

Na história das religiões aprendemos que o ser humano criou a religião quando sentiu necessidade de dar sentido para o sofrimento e para a morte, por isso é natural que as pessoas busquem a religião no momento da dor e do sofrimento ou quando perdem um ente querido... Não tem nada de errado nisso, é algo antropológico... É naquele momento que ela vai fazer a sua experiência religiosa...

Por isso que é muito natural, crianças não se interessarem por religião, porque elas ainda não precisam dar um sentido para aquilo que vivem, elas provavelmente não sentem necessidade disso, estão numa fase de viver o momento em si mesmo...

Por isso, pode ter certeza que encaminhar uma criança para a catequese ou escola bíblica, não é nada didático ou pedagógico se você pretende que ela vivencie uma experiência religiosa... Pode ser útil se você quer que ela decore ou memorize dogmas e textos bíblicos... Mas pode ter certeza, isso não gera a aprendizagem da experiência religiosa....

Aí você pode me questionar: "A religião é importante para a criança ter valores e princípios". E eu te respondo: "Educar os filhos dentro dos valores humanos é papel dos adultos, então eduque seu filho a partir de dois grandes valores universais: o amor e a ética. Não tem erro. Ele não precisa ter medo do castigo divino ou do fogo do inferno para agir com ética..."

A experiência religiosa é a experiência do sentido último daquilo que fazemos e vivenciamos, permita que seus filhos experimentem a maravilha do mistério da vida no momento certo e não os obrigue a aprender religião pela via racional...

"Deus é o nome que damos ao mistério que habita o corpo... E sobre Deus não podemos nada afirmar, apenas sentir..." (Rubem Alves)

E ainda ressalto, o sentimento vem de dentro, vem do mais profundo do ser... Querer ensinar alguém a sentir é humanamente impossível...

Te desejo uma excelente experiência religiosa do sentido da vida que o torne mais humano, mais profundo, mais amável, mais compreensivo com o outro diferente...

Um grande abraço!

Evandro Ricardo Guindani

Evandro é natural de Vargem Bonita - SC, graduado em Filosofia, Mestre em Ciências da Religião e Doutor em Educação. Atualmente é Professor da Universidade Federal do Pampa em São Borja-RS


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