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O TEMPO jornal de fato

Religião e vida dupla

Prof. Evandro Ricardo Guindani Universidade Federal do Pampa - Unipampa

A prática religiosa exige que a pessoa tenha uma crença num segundo plano, que chamamos espiritual ou divino. As igrejas exigem que seus fiéis vivam uma vida neste mundo, em sintonia com este outro plano espiritual. Diante disso parece haver um constante esforço das pessoas em corresponder com tal exigência.  As dificuldades e desafios nessa luta, entre os cristãos pelo menos, são atribuídas ao demônio. O demônio é visto como aquela figura que quer puxar a pessoa para viver apenas o mundo terreno. Até mesmo a Bíblia possui uma frase que diz para a pessoa buscar as “coisas do alto”.

Enfim, a vida do cristão parece ser essa luta. E como vivemos em uma sociedade da aparência, bem como do convencimento, já que muitos cristãos são intimados pelos seus líderes a evangelizar, ou seja, dar o exemplo, convencer pelo exemplo e assim atrair novos fieis para seus templos. Muitos até falam aos quatro cantos: “eu bebia e quando me converti parei de beber”, e assim por diante.

Diante desse contexto relato aqui algumas cenas que presenciei, as quais evidenciam o dilema da vida dupla, essa preocupação que muitos cristãos tem em esconder as contradições dessa dificuldade em viver de acordo com sua crença. Certo dia, ao pagar meu almoço em um restaurante, a garçonete disse que eu podia pagar a ela, diretamente pelo pix sem precisar ir ao caixa. Eu já sabia que ela era filha dos proprietários e então paguei sem hesitar. Porém ao sair, resolvi comprar um chocolate e fui até o caixa, e quando fui pagar, a proprietária me falou o valor total da refeição e do chocolate, quando eu informei que já havia pago para a garçonete. No mesmo instante ela gritou com a filha, dizendo que o pix não tinha creditado na conta do restaurante.  A filha ficou toda confusa, dizendo que tinha se enganado com a chave pix, passando a conta bancária privada dela. A mãe já começou a discursar sobre mentira e ofensa a “Deus” e que ia falar com o Pastor. Os proprietários são cristãos sendo que até o nome do restaurante remete à Bíblia. Até as paredes possuem frases bíblicas.

Outra situação foi quando uma criança de 10 anos mentiu para a mãe em relação a uma atitude dela. A mãe brigou pelo fato dela ter jogado uma bola para a rua. A mesma falou baixinho ao ouvido da mãe que tinha sido eu, pois estava joogando com ela. Eu consegui ouvir. Também se trata de uma família cristão, assídua frequentadora de uma igreja.

Ambas, tanto a jovem garçonete como a criança, aprenderam a viver na aparência, a mostrar que estão em sintonia com o mundo divino, mas na prática querem esconder as reais atitudes, ou seja, acabam vivendo uma vida dupla. A educação religiosa baseada no medo, na cobrança e na aparência, realmente não funcionam.


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