Prof. Dr. Adelcio Machado dos Santos Teólogo e Cientista de Religião
Em primeiro lugar, o Islã, que significa "submissão" ou "rendição" em árabe, é uma das grandes religiões monoteístas do mundo e baseia-se no conceito de total submissão a Deus, o Único e Supremo. Nascido no século VII na Península Arábica, o Islã foi revelado ao profeta Muhammad (Maomé), que os muçulmanos consideram o último mensageiro de Deus, dando assim ao Islã o status de “derradeira revelação”. A religião une cerca de 1,8 bilhão de seguidores ao redor do mundo e prega princípios éticos, morais e espirituais que orientam a vida dos muçulmanos em todas as áreas da existência, do social ao espiritual.
Outrossim, a base central do Islã no Alcorão, o livro sagrado revelado ao profeta Muhammad ao longo de 23 anos, e que é considerado pelos muçulmanos a palavra literal de Deus. Diferentemente de outros textos religiosos que foram interpretados ou reescritos, o Alcorão, permanece intocado e inalterado desde sua revelação, sendo uma orientação completa para a vida. Ele aborda todos os aspectos da existência humana, com orientações que abrangem desde a ética, justiça, família e economia até o comportamento social e espiritual.
Neste contexto, os cinco pilares do Islã constituem os fundamentos da prática religiosa islâmica: o Shahada (testemunho de fé), a Salah (oração), o Zakat (caridade), o Sawm (jejum durante o Ramadã) e o Hajj (peregrinação a Meca). Esses pilares representam a base sobre a qual a vida de um muçulmano é construída. O Shahada é a afirmação de fé na unicidade de Deus e na missão profética de Muhammad, enquanto a oração, realizada cinco vezes ao dia, reforça o compromisso contínuo com a fé e lembra os crentes de sua conexão com Deus.
O Zakat, ou caridade obrigatória, reflete o princípio islâmico de justiça social e solidariedade com os mais necessitados. No Islã, a riqueza é vista como uma bênção de Deus e deve ser compartilhada. O Sawm, ou jejum durante o mês sagrado do Ramadã, é uma forma de purificação e disciplina espiritual, fortalecendo a paciência e a consciência social dos muçulmanos. Por fim, o Hajj, a peregrinação a Meca, é um dos momentos mais sagrados para o muçulmano que é fisicamente e financeiramente capaz de realizá-lo, permitindo-lhe uma experiência espiritual única que reafirma a unidade da comunidade islâmica.
O Islã destaca-se também pelo seu papel de transformação social. Em um período de forte divisão de classes e tribos na Península Arábica, a mensagem islâmica trouxe uma nova ordem social baseada na justiça e igualdade. O profeta Muhammad pregava a igualdade entre os seres humanos, independentemente de etnia ou status social, princípios que continuam a moldar a sociedade islâmica.
Em epítome, a essência do Islã continua a ser a adoração a Deus e a busca por uma vida de justiça, bondade e compaixão. Os ensinamentos islâmicos abrangem não apenas a dimensão espiritual, mas também a vida prática, incentivando os muçulmanos a agirem com ética em todos os aspectos de suas vidas. Essa orientação abrange tanto as relações pessoais quanto as obrigações sociais, como o combate à pobreza e a injustiça.
Destarte, o Islã traz consigo uma compreensão profunda do propósito e do destino da humanidade. Para os muçulmanos, a vida terrena é uma prova e um caminho de aperfeiçoamento moral e espiritual, que visa alcançar a proximidade de Deus e a salvação eterna. Essa perspectiva molda o modo de vida islâmico, onde os valores de paz, misericórdia e harmonia são essenciais.
Por final, o Islã, como a “derradeira revelação”, oferece visão integrada da existência humana, convidando seus seguidores a viverem em plena sintonia com a vontade divina.
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