Mario Eugenio Saturno é Tecnologista Sênior do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE) e congregado mariano.

Nos Estados Unidos da América... Por aqui, é sinônimo de tudo de ruim que alguns carimbam. Eu mirei naquele país norte-americano e passei dias tentando entender o porquê que faz um ano que estou assistindo eles fazerem campanha e somente agora nomearam seus candidatos.

Isso foi feito em convenções dos partidos, e que duram três dias, transmitido ao vivo por canais de TV. Os partidos Democrático e Republicano fazem suas convenções em dias distintos para não atrapalhar a transmissão. Para os estadunidenses, todo esse processo é festa com direito a shows de cantores famosos e filmes dirigidos por grandes diretores do cinema. Graças à diferença de fuso, pude assistir a convenção do Partido Democrático. Bill Clinton mostrou porque é o mago das palavras e das ideias.

E tem brasileiro, no STF inclusive, que acha que eleição tem que ser curtinha, para não ficar cara. Bando de gente ingênua! Nos EUA, as eleições duram mais que um ano e isso não torna a América mais corrupta! Não é o tempo de eleição que determina o nível de corrupção de um país.

E se não bastasse isso, o Supremo Tribunal Federal decidiu no ano passado, por 8 votos a 3, a inconstitucionalidade do financiamento eleitoral feito por empresas tanto para candidatos como para partidos. Isso aconteceu por conta de uma ação impetrada pela Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) em 2013. E justificam-se citando, por exemplo, as eleições de 2014, em que mais de 70% do dinheiro arrecadado pelos partidos e candidatos veio de empresas e pensam que isso vai mudar o gasto.

Santa ingenuidade! Em 1997, eu vi o PT legalizar caixa 2 usando CPF dos filiados. Fiquei incomodado com o fato, mas não o suficiente para tomar uma atitude, os meios justificavam chegar ao poder... Porém o STF decidiu manter o limite de 10% dos rendimentos para que pessoas físicas possam fazer doações para campanhas... Ainda há muito espaço para falsar doações, sendo que o PT já tem larga experiência!

O ministro do STF Gilmar Mendes matou a charada ao declarar em seu voto que o PT é contra as transferências de empresas porque foi mentor do esquema de corrupção da Petrobras e se beneficiou dos desvios da estatal, ou seja, sem novos "pixulecos" (gíria utilizada pelo ex-tesoureiro do PT, João Vaccari Neto, para propina), o partido teria condições de financiar, só com o valor já desviado, eleições presidenciais até 2038. A vedação das contribuições de empresas privadas asfixiaria os partidos que não se beneficiaram do esquema criminoso revelado pela Operação Lava Jato, tornando virtualmente impossível a alternância de poder.

E mais, para ele, a proposta da OAB de vetar doações privadas e liberar um limite de doação para pessoas físicas (não foi aprovado) significa criminalizar o processo político-eleitoral no Brasil, além de ser um convite à prática reiterada de crimes de lavagem de dinheiro e é fruto de uma conspiração. E mais, que o slogan petista "A Petrobras é Nossa" se deveu ao fato de que a estatal foi apropriada para o esquema.