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O TEMPO jornal de fato

O cristianismo, sofrimento e o sacrifício

Prof. Evandro Ricardo Guindani Universidade Federal do Pampa - Unipampa

Visitando meus pais nesta semana, encontrei um objeto que circula entre as casas no bairro onde vivem. O objeto se trata de um artefato religioso de madeira em formato de uma igreja com uma cruz no seu topo.

Ele traz escrito uma oração vinculada a uma devoção difundida por um canal de TV católico, intitulada: Devoção das mãos ensaguentadas de Jesus. A oração escrita neste objeto, possui um conteúdo muito dramático, que menciona a questão da angústia , dor e sofrimento: “sinto-me sem forças para prosseguir, carregando a minha cruz. Senhor Jesus, coloca suas mãos benditas ensaguentadas, chagadas e abertas sobre mim, neste momento...”

É possível perceber que a oração está centrada no sofrimento, na dor e na morte. Andando pela minha pequena cidade natal aqui no meio oeste catarinense, de predominância absoluta de católicos, percebo que os diálogos entre as pessoas reflete muito essa cultura religiosa. As pessoas falam muito de doença, morte e dores tanto físicas quanto emocionais. Quando meus familiares conversam pelo telefone é muito comum comentarem sobre um conhecido ou parente que está doente. E automaticamente já solicitam orações e preces.

Em minha faculdade de Teologia e Mestrado em Ciências da religião estudei vários pesquisadores que viam no cristianismo , a religião centrada na cruz e no sacrifício, na dor e na morte. Inclusive um dos professores nos falou de uma pesquisa dentro da igreja católica que mencionava a sexta-feira santa, celebração da morte de Jesus, como o dia em que as igrejas ficavam mais lotadas no mundo.

Dentro das religiões evangélicas neopentecostais também é possível perceber o culto ao medo e ao perigo, sempre ressaltando a figura do demônio. Falam mais no demônio do que em Deus ou Jesus.

Em outro autor que estudei, compreendi que os principais motivos que levam uma pessoa a frequentar a igreja é o medo e o sofrimento. Por isso, quanto mais problemas emocionais e financeiros a pessoa tiver, mais ela procurará a religião. Isso explica porque em países com maior desigualdade social, há uma maior proliferação de igrejas neopentecostais.

Paralelo a isso, esse tipo de vivência religiosa, torna as pessoas mais negativas, pessimistas e pouco gratas, leves e equilibradas. Vivem sempre desesperadas com medo, buscando ajuda divina para seus problemas pessoais.

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