RELEMBRANÇAS

Dizem que Freud explica... Todos gostam do novo, das novidades. A mim me apetece mais o antigo, o passado. Se guardássemos numa caixinha tudo aquilo que vemos, ouvimos ou lemos...?Santa Caixinha?! Teríamos a enciclopédia que jamais será escrita! Na minha ?Santa Caixinha?guardo muitos bons e maus momentos. Conto os bons primeiro? Ou será que conto os maus? Deixa pra lá, tanto faz, a ordem dos fatores não vai mesmo alterar os acontecimentos que já passaram. Nem mesmo a ficcionista máquina do tempo pode mudar o que passou. Alguma coisa lá no fundo me intriga muito e me faz cismar. Vou contar e que me perdoem os que dela se lembrarem se eu aumentar?um ponto?. Nos idos da minha adolescência, infantil, se comparada com a de agora, a missa dominical era sagrada, todos iam sem restrição alguma. Lá na Igreja as pessoas eram ?separadas?, explico, mulheres de um lado, homens de outro, crianças nos primeiros bancos, adultos nos bancos centrais e os jovens bem lá no fundo e de preferência em pé. É que ali mesmo, na Igreja, sob os olhos de Deus somente, pois o Padre rezava a missa de costas para os fiéis, começava uma tímida e suave paquera entre os jovens. Nem bem o Padre dava a bênção final os grupos de amigos já estavam fora da Igreja e se dirigiam rápido para o Cinema. A mocinha, que fora paquerada por alguém, sentava na ?ponta? e deixava a poltrona do seu lado ?reservada?. Ao som do último sinal as luzes se apagavam e o rapaz nervoso e medroso pedia para sentar ao seu lado e, ali, no ?escurinho do cinema? era dada a partida para mais um namoro, noivado e casamento com muitos filhos ! A Igreja ainda está lá, majestosa, imponente, réplica da Basílica de Roma, verdadeiro Cartão Postal da pequena cidade de interior! E o Cinema? Cadê o Cinema que foi testemunha de muitos primeiros beijos suaves, infantis e tímidos? Cadê o Cinema que viu tantas mãos suadas e nervosas se tocarem pela vez primeira? O Cinema, pasmem, é hoje uma Igreja!! Freud explica? Com certeza! Autora: Diga