logo RCN

Produzir com criatividade

Ipira (SC)

Produzir com criatividade

 

 

A linguagem é um dos meios mais importantes da comunicação entre os indivíduos. Ela ocorre através de uma determinada língua, que pode ser compreendida culturalmente por um grupo de pessoas. Com base em estudos realizados na sala de aula sobre as diferentes linguagens e suas utilizações, os alunos da 7ª e 8ª série da Escola Básica Municipal Waldomiro Liessen de Ipira (SC), juntamente com a professora de língua portuguesa Claudete Aparecida Breitenbach e apoiados pelo diretor Ivan Schulte realizaram diversos trabalhos enfatizando o assunto linguagens. Dentre os trabalhos realizados houve uma produção de texto que  envolveu mais a linguagem coloquial, uma linguagem simples, que não obedece às normas cultas e é de certa forma caipirizada pelos personagens dos textos. Abaixo temos dois textos selecionados, ?O castigo?, de Angélica Kleemann Borsatti e ?Chico Bento e suas Histórias?, de Leonardo Daniel Masson .

 

O CASTIGO

                                          

         Chico Bento e Zé Lelé estavam andando pela floresta, quando avistaram uma árvore muito bonita.Chegaram mais perto e perceberam que era uma goiabeira.

         Zé Lelé então fala para Chico Bento:

      - Chico, óia aquela guaiaba bem lá no arto, vô pegá ela!

      - Zé Lelé, ieu si fosse ocê não ia não. Já pensô si o dono da prantinha vem i ti dá uma bronquia?

      - Ora carma sô! Ocê não si alembra qui u dono da prantação é u pai da Rosinha?

      - Pió ainda Zé, fiquei sabendo qui si ele vê argúem robando uma guaiaba, ele vai é pegá a inspingarda.

      - Ieu não vô arresisti Chico!

      - Óia Zé, o pobrema não é meu, eu vô indo, despois não vem dizê qui ieu não avisei!

        Minutos depois:

      - Óia a onça Chico!

      - Adonde Zé?

      - Aí em cima, no pé de guaiaba.

        Chico Bento então vem correndo para ver se a onça era muito grande.

      - Viu Zé, ieu não disse qui não era pra subi!

      - É, mais a guaiaba era grandaiona e tava uma dilícia de gostosura!

        Os dois resolveram então contar para o pai da Rosinha, o senhor João.

      - Seu João, tem uma onça lá nu pé di guaiaba!

      - Mas cumo é qui ocês  sabim?

      - Ih Chico! Acho meior nóis falá a verdade.

      - Intão tá! Foi assim seu João: Nóis tava caminhando, e vimo o pé de guaiaba, daí o Zé viu uma guaiaba bem grandaiona e quis comê ela, despois ele viu qui tinha uma onça do lado dele, ele desceu do pé, e resorvemos chamá ocê

      - Obrigado que mi chamaram, mais di castigo, pur terem comido as minha guaiaba, ocêis dois vão tê que roçá tuda prantação qui mi pertence.

        Os dois, não tendo outra alternativa, começaram a roçar...

        Eles fizeram o serviço direitinho e depois sentaram num tronco de árvore para contar causos sobre o:

CHICO BENTO!

CHICO BENTO E SUAS HISTÓRIAS

 

-          Bom dia Chico Bento!

-          Bom dia meninos, aprocheguem, vão se sentando!

-          E aí Chico Bento! Como foi de viagem para cidade?

-          Ora na viage foi tudo bem, má quando cheguei na cidade foi uma cafuzão danada.

-          Por quê? A cidade é muito grande?

-          Ora! Ocê não faz noção de come é grande, má a quantia de carro é má grande ainda.

-          Ocês acreditam que cando cheguei lá na cidade, na rua só se via carro infierado, e mim ia passando entre os carro co meu burrinho.

-          E os guardas deixaram você andar montado em seu burro pela cidade?

-          Pio que não!Eu tava andando bem tranqüilo montado no meu burro, cando um guarda me diz:

-          Você não sabe que não é permitido trafegar com animais pela cidade!

-          Pio que mim não saber o que era trafegar e pensei que trafegar era mema coisa que trafica e então disse:

-          Ora seu guarda!Eu não to traficando animá!

-          O guarda então me fala:

-          Eu quis dizer que não são permitidos animais passar por aqui!

-          Ora! Eu achando que tava me chamando de animá, respondi:

-          Se animá não pode passar por aqui, o que ocê tá fazendo aqui?

-          Ocêis precisava vê a cara do guarda. Ele queria até me prendê, má ele era bonzinho e nóis se entendemo. Ele deu a idéia de mim vende o meu burro e comprá um carro. Má eu nunca que ia vendê o meu burro.

-          Mas então, onde ta o teu burro?

-          Carma! Co decorrê da história eu conto!

-          Aí eu tava faminto e fui cumpra uma coisa pra comê. Mim fui até a feira pra cumpra guaiaba, má não tinha. Então o dono da venda me deu umas fruita, umas tal de banana, eu nunca é que tinha visto aquilo antes, má era bom!

-          Eu então sentei numa sombra e bem assussegado tirei a casca de uma banana, má eu não sabia o que comê, a casca ou o sabugo, então oiei po meu burro e falei:

-          Mim come a casca e ocê que é burro come o sabugo!

-          Despois de satisfaze a mia fome, eu fui procurá meus parentage, má no caminho um home me parô e puxo um revórve de dentro das carça e ao apontá pra mim disse:

-          Passe o dinheiro! É um assalto!

-          Má eu que sô inteligente e curajoso, peguei o revórve do desgraçido e finquei uma bala bem na barriga dele, que caiu morrido.

-          Mais ocê não foi preso? Por quê?

      - Não! Porque ninguém viu eu matá o desgraçido e assim ninguém pode me denunciá.

-          Agora mim tava sem dinheiro e eu tinha de achá um jeito de ganhá dinheiro.

-          Mas ocê não tinha matado o ladrão?

-          Sim, eu matei o ladrão, má nem despois de morto ele não quis me dá o dinheiro!

-          Então o que ocê fez pra ganhá dinhero?

-          Não tinha outro jeito, tinha que vendê o meu burro e foi o que eu fiz.

-          Agora mim tinha dinhero, má tava de a pé e não sabia como fazê pra chegá na casa dos meus parentage.

-          Então pedi informação lá prum senhô de como mim tinha que fazê prá chegá na rua Santos, que era onde meus parentage morava.Ele me disse que era prá pegá o metrô e despois desembarcar na segunda estação, e foi o que eu tentei fazê.

-          Chico Bento, explica pra gente o que é um metrô!

-          Metrô é um bicho bem grandão e cada poucos metros tem uma porta!

-          Bom! Deixa eu cuntá  a história senão não dá de acabá hoje.

-          Eu tava esperando o metrô e de repente ele veio.Eu curri na instrada e fiz sinar prá ele pará , má cando vi que ele não ia pará, comecei a corre, má lá pelos tantas ele me passô por cima e me machuco tudo.

-          Chico Bento, por que você não correu pro mato e se escondeu?

-          Ora Zé Lelé! Se eu não ganhei daquele bicho nem no limpo o que dirá no meio do mato!

-          Cando mim acordô, mim tava num hospitá. Lá eles me cunsertaro tudo, e cando mim já tava bom, me mandaro imbora.

-          Mim arresorvi de i procurá meus parentage de a pé memo, e fui, lá pelas tantas da estrada tinha um zológico e todos estava saindo de lá correndo e gritando:

-          A onça escapo!Socorro!

-          E mim foi até lá prá tentá arresorve o pobrema e cando cheguei lá, a onça começo a corre atrás e mim tive a idéia de se esconde drento da jaula, má a onça veio atrás.A mia sarvação foi que mim consegui fugi entre as grade da jaula e o dono do zológico fecho a jaula, e mai uma vês mim consegui arresorvê  o pobrema. Levei a onça prá drento da jaula.O dono do zológico me agradeceu e mim segui viage.

-          Mim tava caminhando na rua e de repente me pechei numa placa e nela tava escrito, ?Rua Santos? e mim foi uns par de metro prá frente e cheguei na casa dos meus parentage.

-          Cando cheguei, todos me conheçero e vieram me recebe.

      - Os teus parente tão bom Chico?

-          Sim tá tudo bom!Só o meu tio tá cuma tosse que parece cachoro. A mia tia tá cum febrão que dorme com cinco extraponta, o meu primo tá cum chinugiti e a mia prima tá cum broquite.

-          Seu tio e sua tia trabalham?

-          Sim!A mia tia trabaia só batendo!

-          Ela é segurança?

-          Não! Ela trabaia batendo ropa lá na lavanderia da esquina!

-          E o seu tio?

-          O meu tio trabaia incima de trezentos e vinte seis pessoas!

-          Ele é chefe de alguma impresa?

      - Não! Ele trabaia cortando grama do cimintério!

-          Bom!Eu fiquei lá cinco dia, e prá vortá eu peguei uma carona com um mutuquero, má tinha um pobrema, aquela moto fazia um fumacedo dos diabos, que mim quase morri afogado.

-          Chico Bento, eu gostei muito da sua história, mas agora eu tenho que ir.

-          Ora!É cedo ainda!

-          Eu tenho que ir agora, pois tenho que cuidar da bicharada lá em casa.Tchau Chico Bento!

-          Tchau Zé Lelé! Outro dia ocê vorta aqui prá gente proziá.

-          Sim pode deixá!Eu volto outro dia!  

      

 

Anterior

Almoço entre colegas de trabalho da Perdigão

Próximo

Festa de Meu Primeiro Aniversário

Deixe seu comentário