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NADA É DE GRAÇA

  • - Por Luiz Carlos Amorim ? Escritor, editor e revisor

Por Luiz Carlos Amorim - Escritor, editor e revisor - Cadeira 19 da Academia Sulbrasileira de Letras. Fundador e presidente do Grupo Literário A ILHA, que completa 40 anos em 2020. Http://luizcarlosamorim.blogspot.com.br - http://www.prosapoesiaecia.xpg.com.br


Sobre o questionamento a respeito de cobrar ou não pela poesia que produzimos, acho que é bom colocar o assunto para discussão, pois é controverso. Vejam o comentário que vi num desses grupos literários ou de leitura: "Vi gente frustrada por causa disso. Sei que todo mundo precisa ganhar o pão, mas monetizar poesia chega a ser um absurdo. Poesia, via de regra, pode causar indiferença ao leitor. Não é como ler conto ou romance, adquirir poesia é trocar o certo pelo duvidoso. Normalmente a poesia já é grátis, com o advento das redes sociais, e assim ficou ainda mais fácil lê-la e apreciá-la (de certa forma é paradoxal, já que, com tanto conteúdo para ler, lêem cada vez menos)." (Está editado, é claro, pois esses comentários são muito mal escritos, apesar de serem escritos por "escritores".)

A resposta ao comentário acima, veio rápida: "Não existe almoço grátis. Gratidão não paga boleto, não paga edição, revisão, editoração, publicação de livro. Não existe "reconhecimento" não remunerado. Não existe "vou te divulgar". Demonizar monetização de trabalho é o que eles querem para te ver algemado a essa posição onde tu vais dar o que produz de graça."

E então eu entrei na conversa, pois não resisti. Vejo muito, nas páginas de literatura, leitura, poesia, no Face, pessoas que se dizem escritores falando os maiores absurdos sobre tudo. Às vezes participo, tentando ajudar com o pouco de conhecimento que tenho na área, como professor de português, literatura e teoria literária. E tentei colocar alguma coisa da minha experiência:

Algumas pessoas querem tudo de graça. Sou editor e publico duas revistas de literatura, ESCRITORES DO BRASIL e SUPLEMENTO LITERÁRIO A ILHA, a segunda completando 40(quarenta) anos de circulação neste 2020. Todos querem publicar, mas quando recebem o regulamento e ficam sabendo que existe um valor, quase simbólico, a pagar por página, a maioria some. Eles não consideram que para fazer uma publicação de sucesso - mais de cinco mil acessos por edição - tem custo de preparação do material, revisão, editoração, revisão da editoração, hospedagem, etc. E tudo é terceirizado, tenho que pagar por cada etapa. O que cobramos são valores irrisórios, muitíssimo menos do que é cobrado por antologias tantas por aí, que na verdade apenas vendem livros quando cobram o valor da página, garantindo o escoamento da edição e o lucro certo. Mas as pessoas querem de graça a publicação nas revistas. Não dão o mínimo valor ao espaço que você disponibiza para que um autor seja lido nos quatro cantos do mundo. E não dão valor ao que eles próprios escrevem, que pode não ter valor mesmo. Fazemos triagem, precisamos fazer, então nem sempre tudo é publicado. Resumo: nada é de graça, como como foi muito bem dito. Alguém sempre paga. E esse alguém até fui eu, por um longo tempo, mas não dá pra sair pagando a conta dos outros indefinidamente. Estou contente com meus escritores, pois eles têm valor e sabem dar valor à sua obra e ao trabalho que é feito para que eles sejam lidos.

Por Luiz Carlos Amorim - Escritor, editor e revisor . Http://luizcarlosamorim.blogspot.com.br

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