Joaçaba

       O estacionamento que deixou de existir na Avenida XV de Novembro dá lugar às arquibancadas. Elas trazem à memória cenas do carnaval do ano passado, mas ajudam a reforçar o clima de ansiedade e de alegria que vem com o carnaval que está chegando. Tudo isso é sinal de um fenômeno que atinge todos os joaçabenses ao menos uma vez por ano. A cidade muda de cor, comerciantes mudam de profissão. É o caso de dona Catarina Didomenico que deixa do seu trabalho por três meses para ajudar na confecção dos carros alegóricos da sua escola do coração. Gente que brinca o carnaval com os dedos queimados de cola quente. Pessoas que passam o dia esperando a noite chegar para o ensaio da bateria. Anas, Marias, José de todas as profissões fazem a mesma coisa. O marceneiro ajuda nos carros, a costureira nas fantasias, engenheiros, advogados todos se transformam em foliões. Muito comum, é encontrar pequenos grupos descarregando caminhões de fantasia em qualquer lugar da cidade, centro, bairros, casas ou apartamentos.

         Por esta descrição seria possível a negritude preparando a festa. Sim ela também marca presença forte, mas aqui o fenômeno se constitui em um evento de democracia, brancos e negros de todas as classes sociais trabalham juntos por um objetivo: ver a escola brilhando na avenida. Os gringos, austríacos, alemães entram na dança, vestem a camisa e as fantasias das escolas. Trabalham durante o ano todo para ver o espetáculo na XV de Novembro.

        Os historiadores dizem que Santa Catarina é a expressão da Europa no Brasil, pode ser, mas o que ouve por aqui é que Joaçaba é uma expressão Brasil dentro de Santa Catarina.