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Lendo com você - 103

Profª Schirly

?Escrever é colocar a mão no ombro do outro e confidenciar,

            no ouvido, o melhor da história.

            É uma ação entre amigos.?        ( José Carlos Fernandes)

 

         Há momentos na nossa vida que o que se queria era encontrar alguém do nosso lado, sentado à direita,  alguém que ensinasse a escrever.

            Alguém que, de preferência, dissesse: use a tal palavra, subtraia este adjetivo, vá por aqui, siga direto, reveja o sentido, a colocação das vírgulas, coordene melhor as idéias, enriqueça-as, diga com mais arte e apuro, pare e pronto- ponto final.

            Mas o diacho do texto custa a vingar.

            Parece que de nada valeram as aulas de redação ao longo da vida escolar, dos segredos de curso walita dos pré-vestibulares, das dicas dos escritores e pessoas das letras em geral.

            Parece que fomos enganados, ou abandonados por Deus na hora em que Ele tinha obrigação de dar a força total.

            E que tristeza total!!!

            Diante da folha em branco é só silêncio e solidão.

 

            Mas entregar os pontos, jamais!  O enrosco pode até estar nos modelos preexistentes. É hora de refletir: quem é seu modelo de boa escrita ( ou de boa fala) já que a cultura brasileira é, por natureza, de ouvido?

            Arrisca da lista constar: o pastor que prega o sermão, a vó Nastácia que conta histórias, a professora do primário...

            Não importa. Fato mesmo é que- e lá vai outro chute, dessa vez com a esquerda- tem um botãozinho na cabeça da gente que é acionado instantaneamente diante da folha de almaço- lisinha da silva, à espera de uma chuva de palavras, nem que seja para umas mal traçadas linhas.

            Do que se deduz que, por mais que a caneta BIC deslize sobre trilhos, a tendência é reproduzir os períodos, a idéia de boa escrita que cada um carrega.

 

            Tá na hora de você dar um basta nas receitas, nas cópias de falas dos engravatados.

            Quem avisa, amigo é: chega de se valer das idéias daqueles que moram em você. Feito o despacho, você vai descobrir que, ao escrever, não vale adotar para si a fala do professor, do pai, da contadora de histórias, da tia escritora ou de qualquer autoridade legitimamente constituída.

           

            ESCREVER É COLOCAR A MÃO NO OMBRO DO OUTRO E CONFIDENCIAR, NO OUVIDO, O MELHOR DA HISTÓRIA.

           É UMA AÇÃO ENTRE AMIGOS.

 

            Não for assim, não vale.

            E tem mais- o esforço exige uma mudançazinha ainda- mandar às favas mais um triste fardo a carregar- o do esquema da dissertação( 1 parágrafo de introdução + 2 de desenvolvimento + 1 de conclusão), pois são necessárias pelo menos três vidas para se desintoxicar dessa receita nefasta.

            Por último, recomenda-se apenas, sem choro nem vela:

            Estude colocação de vírgulas; vírgula mal colocada deixa o texto sem respiração. Se não tem ar, não tem música.

            Fuja do gerúndio, do ? a nível de ?, dos clichês em geral.

            Não deixe o leitor sacar o sacrifício que cada linha lhe custou.

           

            RELAXE: dá para ser bem feliz escrevendo. É o melhor dos mundos. É como construir uma casa, pois, me permita, a gente mora nas palavras.

 

 

                                    COM CARINHO:  Profª Schirly 
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