logo RCN

Lendo com você ? 046

Ana Schirley Favero

Neste 2004, JOGUE  VOCÊ  TAMBÉM   SUAS   SEMENTES

 

            Havia um cidadão que morava numa cidade grande e trabalhava numa fábrica que se localizava muito longe da sua casa. Com isso, ele precisava viajar de ônibus cerca de uma hora todos os dias para chegar no seu trabalho.

            Na terceira parada, sempre entrava uma senhora que se sentava no banco da janela. Ela abria a bolsa, tirava um pacotinho e passava a viagem toda jogando alguma coisa para fora do ônibus. A cena se repetia dia após dia.

            Até que certa vez, curioso, o homem lhe perguntou: o que a senhora joga pela janela?

            -Jogo sementes.

            _ Sementes? Sementes de quê?

            _ De flor, é que eu olho para fora e a estrada é tão vazia... Gostaria de viajar vendo flores coloridas por todo o caminho, imagine como seria bonito.

            _ Mas as sementes caem no asfalto, são esmagadas pelos pneus dos carros, devoradas pelos passarinhos. A senhora acredita mesmo que estas flores vão nascer um dia aí na beira da estrada?

            _ Acho, meu filho, mesmo que muitas se percam, algumas acabam caindo na terra e com o tempo vão brotar.

            _ Mesmo assim, demoram para crescer, precisam de água.

            _Ah, eu faço a minha parte. Sempre há dias de chuva, e se eu não jogar as sementes aí mesmo é que as flores nunca vão nascer.

            O homem desceu logo adiante, achando que a senhora já estava meio ?caduca?.

            O tempo passou.Um dia, no mesmo ônibus, sentado à janela, o homem ficou impressionado ao olhar para fora e ver flores na beira da estrada, muitas flores. A paisagem estava colorida, perfumada, linda...

            O homem lembrou-se da senhora, procurou-a no ônibus, não a encontrou, então foi perguntar ao cobrador que conhecia todo mundo por que a senhora das sementes havia sumido?

            _ Pois é, morreu de pneumonia, na semana passada.

            O homem voltou ao seu lugar e continuou olhando pela janela, a paisagem florida. ?Quem diria, as flores brotaram mesmo?, pensou. ?mas de que adiantou o trabalho daquela senhora? A coitada morreu e não pode ver esta beleza toda?.

            Neste instante, o homem escutou uma risada de criança, no banco da frente. Uma garotinha apontava pela janela, entusiasmada: Olha, papai! Que lindo! Quanta flor pela estrada! Como se chamam aquelas flores?  São maravilhosas.

            Então, o homem entendeu o que a senhora tinha feito, mesmo não estando ali para contemplar as flores que tinha plantado, a senhora devia  estar feliz. Afinal, ela tinha dado um presente maravilhoso para a natureza e, principalmente, para as pessoas que por ali passavam.

            No dia seguinte, o homem entrou no ônibus, sentou-se no mesmo banco que a senhora sentava, tirou um pacotinho de sementes do bolsa e começou a jogar sementes pela janela até chegar ao ponto onde tinha que descer. 

            Jogue você, também, as suas sementes, pouco importa se você vai ver as flores ou não.  Plante as sementes do amor. Do carinho, da fraternidade, da alegria, da paz, da ternura, da compreensão.

Anterior

Dr. Vitor Almeida lança livro intitulado CAPINZAL

Próximo

Curso de Pedagogia da Unoesc Capinzal

Deixe seu comentário