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Igrejas e (D)deus (es) Prof. Evandro Ricardo Guindani

Para mim, existem duas grandes definições de “deus” ou “Deus” como você achar melhor...

A primeira está na própria Bíblia dos cristãos: “Deus é Amor”... E a segunda, eu li em um livro escrito pelo teólogo Rubem Alves, o qual afirmou: “Deus é o nome que damos ao mistério que habita o corpo”

São duas grandes definições que nos fazem refletir e chegar a uma conclusão: deus, Deus, deuses, divindades não cabem dentro de nenhuma igreja ou denominação religiosa...

Ainda nos últimos dias ouvi alguém me dizer que certo líder religioso, em uma de suas pregações, dentro de seu cercadinho religioso (templo), criticou com muita veemência um certo indivíduo de sua igreja, que visitou uma igreja de outra denominação.

Esse perfil de liderança religiosa agiu como um proprietário de um supermercado que fica bravo com um colega que compra em seu concorrente. Agiu de forma mesquinha, pequena, fundamentalista. Agiu como presidente de um time de futebol ou líder de torcida...

Foi por esse e outros motivos que há mais de vinte anos deixei de frequentar igrejas e templos com assiduidade. Entendi que cada um defende um discurso sobre “deus”, uma interpretação. E compreendo dentro de mim que tudo aquilo que não conseguimos compreender racionalmente, compõe a realidade do mistério, do desconhecido, do sentimento.

Rubem Alves, em outra afirmação diz que “sobre Deus não podemos nada afirmar, apenas sentir...”. As diferentes religiões e igrejas possuem um discurso sobre o mundo espiritual, cada uma delas possui sua teologia, ou seja, sua teoria sobre esse mundo divino. Os cristãos por exemplo fundamentam sua teoria com base nos escritos sobre Jesus Cristo. O budismo, hinduísmo, candomblé, islamismo, umbanda, judaísmo, da mesma forma constroem diferentes interpretações sobre este mundo espiritual misterioso. Ninguém possui a verdade, apenas concepções diferentes sobre o mesmo mistério que habita o mundo e nosso corpo.

Igrejas cristãs devem abandonar a arrogância de acharem que seu livro sagrado (Bíblia) narra a história do mundo, de um único “Deus”. Não! Jamais! O texto apresenta a narrativa de um determinado povo, de um determinado ponto de vista, não há nada de universal. Universal é o amor e o mistério que compõem a nossa condição humana! E quem sente a divindade dessa forma profundamente humana, consegue pensar fora do seu cercadinho religioso. A pessoa entende que não há uma “Verdade”, há apenas amor, compreensão e convivência harmoniosa!

Portanto, de acordo com o grande teólogo Leonardo Boff, se sua igreja te afastar do outro diferente, você está se tornando um religioso fanático, apenas isso! Por outro lado, se sua igreja contribuir para você amar e compreender o diferente, ótimo, você está fazendo uma experiência religiosa profunda, baseada no amor.

Prof. Evandro Ricardo Guindani

Universidade Federal do Pampa - Unipampa

São Borja-RS

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