Prof. Evandro Ricardo Guindani Universidade Federal do Pampa - Unipampa
O que é necessário para que alguém compreenda algo? Existem basicamente dois caminhos, a experiência subjetiva e a compreensão racional. Por exemplo, se eu perder um bichinho de estimação eu vivi uma experiencia de aprendizagem da perda. Se eu me apaixonar por alguem e nao ser correspondido, pode ser que eu aja diferente nos próximos namoros. Quando na escola, aprendo a desenvolver uma equação matemática e depois consigo resolver sozinho, eu tive uma aprendizagem baseada na compreensão de uma determinada lógica, aprendi racionalmente o caminho a seguir, e posso tranquilamente, tentar ensinar para outra pessoa este conhecimento matemático. Por outro lado, eu não posso ensinar para outra pessoa, como lidar com a perda de um gatinho querido ou de uma namorada que me rejeitou. Posso até partilhar minha experiência, mas isso não será suficiente para que a pessoa compreenda.
Apresento estes exemplos para explicar que muitas pessoas e as proprias instituiçoes religiosas cometem um erro pedagógico ao tentar ensinar uma determinada crença para as crianças. Não é possível você ensinar para outra pessoa, como fazer uma experiência religiosa. A experiência religiosa é uma experiência que busca fazer uma conexão entre a realidade vivida e uma realidade não visível, transcendente, além do concreto e das coisas visíveis.
A experiência religiosa é uma vivência emocional, profunda, que leva o indivíduo a construir um conhecimento que pode ser apenas compreendido por ele e geralmente não pode ser explicado em palavras. Por exemplo, muitas pessoas afirmam que ao participar de um culto ou ritual religioso sentem algo muito bom, profundo, uma paz e uma sensação maravilhosa que não conseguem expressar.
Quando as crianças ouvem explicações na escolinha bíblica ou catequese, naturalmente elas buscam dois caminhos para tentar compreender, pela via racional ou pela experiência. Pela lógica racional ela busca tentar entender por exemplo, como um homem pode ter morrido e depois ressuscitado. Ela não encontra explicações pela via racional e científica. Ela passa a ter duas escolhas, ou acredita que aquilo pode ser verdade porque os adultos estão dizendo que é ou ela pode simplesmente ignorar, entra por um ouvido e sai pelo outro. Vamos dizer que esta criança questione a liderança religiosa e a mesma diga: olha! Quando você recebe a hóstia, você sentirá a presença do “Cristo ressuscitado”, ou: quando você ouvir o cântico e o pastor pregar, você sentirá esta presença também. Ouvindo isso, o adolescente irá à sua igreja e não sentirá nada do que as lideranças falaram.
A experiência religiosa é algo muito pessoal, tem seu tempo, tem seu momento e inclusive pode se dar de diferentes formas ou mesmo não se dar. Cada indivíduo tem sua forma e maneira de dar sentido à sua vida.
Não tente impor sua crença aos seus filhos ou adolescentes! Não funciona! É pedagogicamente ineficaz!
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