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Prof. Dr. Adelcio Machado dos Santos Jornalista (MT/SC 4155)
Em primeiro lugar, o conceito de desenvolvimento sustentável surgiu como resposta às crescentes preocupações com os impactos ambientais, sociais e econômicos do modelo tradicional de crescimento baseado na exploração intensiva dos recursos naturais. Popularizado a partir do Relatório Brundtland, publicado pela Comissão Mundial sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento da ONU em 1987, o termo passou a ser entendido como “o desenvolvimento que satisfaz as necessidades do presente sem comprometer a capacidade das gerações futuras de suprir suas próprias necessidades”. Esse paradigma propõe uma integração equilibrada entre crescimento econômico, justiça social e preservação ambiental, compondo o que se convencionou chamar de os “três pilares da sustentabilidade”.
No entanto, transformar esse conceito em prática tem se mostrado um desafio de grandes proporções. O crescimento econômico acelerado, principalmente nos países em desenvolvimento, muitas vezes se dá à custa de degradação ambiental e aumento da desigualdade. A extração predatória de recursos naturais, a poluição dos oceanos e da atmosfera, o desmatamento e as mudanças climáticas são sintomas de um modelo ainda centrado em metas de curto prazo. Por outro lado, a pobreza extrema, a exclusão social e o acesso desigual a serviços básicos como saúde, educação e saneamento também impedem que sociedades mais vulneráveis alcancem padrões mínimos de qualidade de vida.
Nessa encruzilhada, o desenvolvimento sustentável surge como um caminho possível para compatibilizar as demandas econômicas com os limites ecológicos do planeta e os direitos fundamentais dos cidadãos.
A Agenda 2030 da ONU e seus 17 Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) representam uma tentativa concreta de guiar políticas públicas, estratégias empresariais e ações da sociedade civil em direção a esse novo modelo de desenvolvimento.
De outro vértice, tais objetivos, que vão desde a erradicação da pobreza até o combate às mudanças climáticas, formam uma plataforma abrangente e interdependente. O ODS 13, por exemplo, visa “tomar medidas urgentes para combater a mudança do clima e seus impactos”, enquanto o ODS 10 trata da “redução das desigualdades dentro dos países e entre eles”. Essa abordagem interligada reconhece que não é possível enfrentar os desafios ambientais sem levar em conta as dimensões sociais e econômicas — e vice-versa. Implementar essa agenda, contudo, requer uma mudança profunda de mentalidade, mecanismos de governança eficazes e uma cooperação global efetiva.
Destarte, a transição para um modelo sustentável também depende do papel do setor produtivo, que precisa abandonar práticas lineares de produção — baseadas na extração, uso e descarte — e adotar modelos circulares, nos quais os resíduos são minimizados e os recursos são reaproveitados ao máximo. A chamada “economia circular” propõe uma reconfiguração de processos produtivos e cadeias de suprimento, com ênfase em inovação, eficiência energética e responsabilidade socioambiental. Nesse contexto, empresas que incorporam critérios ESG (Environmental, Social and Governance) ganham destaque no mercado, não apenas por atenderem à crescente demanda de consumidores conscientes, mas também por demonstrarem resiliência em cenários de crise. A sustentabilidade, antes vista como custo, passa a ser compreendida como investimento e vantagem competitiva.
Por sua vez, a educação ambiental desempenha papel central na construção de uma cultura de sustentabilidade. Desde a infância, é fundamental que indivíduos compreendam sua relação com o meio ambiente e desenvolvam senso crítico diante dos desafios globais. Instituições de ensino, meios de comunicação e políticas públicas educativas devem atuar de forma articulada para fomentar valores como solidariedade, responsabilidade e consumo consciente. A transformação cultural é talvez o aspecto mais complexo — e mais necessário — do processo de desenvolvimento sustentável. Sem uma base sólida de consciência coletiva, mesmo os melhores marcos legais e tecnológicos se tornam insuficientes.
Por conseguinte, os desafios, evidentemente, são muitos. A dependência dos combustíveis fósseis, os interesses econômicos de grandes corporações, a fragilidade institucional de diversos países e a polarização política são barreiras que dificultam a implementação efetiva de medidas sustentáveis. Além disso, os impactos das mudanças climáticas — como secas prolongadas, aumento do nível dos oceanos, eventos extremos e escassez hídrica — já são uma realidade para milhões de pessoas, especialmente as populações mais pobres, que menos contribuíram para a crise climática, mas são as que mais sofrem seus efeitos. A injustiça ambiental, portanto, é um aspecto central a ser enfrentado.
Posto isso, verificam-se sinais de esperança. O crescimento das energias renováveis, o avanço da mobilidade urbana sustentável, as inovações tecnológicas em agricultura regenerativa e os acordos multilaterais sobre clima e biodiversidade mostram que a mudança é possível. Além disso, movimentos sociais, lideranças indígenas, organizações da sociedade civil e jovens ativistas em todo o mundo vêm pressionando por ações mais ambiciosas e efetivas. A sustentabilidade deixou de ser um discurso restrito a especialistas e passou a integrar a agenda pública global.
Em epítome, o desenvolvimento sustentável é mais do que uma meta: é uma necessidade urgente frente aos limites físicos do planeta e à crescente desigualdade social. Construir um mundo mais justo, resiliente e equilibrado exige compromissos éticos, decisões políticas corajosas e mudanças de comportamento em todos os níveis. Não há soluções simples para problemas tão complexos, mas a inércia certamente é a escolha mais perigosa.
Por final, a cada geração que detém conhecimento, tecnologia e meios para agir incumbe a responsabilidade de pavimentar esse novo caminho — por nós e pelas futuras gerações.
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