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O TEMPO jornal de fato

Deus e Família? Antigamente era melhor?

Prof. Evandro Ricardo Guindani Universidade Federal do Pampa - Unipampa

É muito comum ouvirmos dos nossos pais e avós que tudo deveria voltar a ser como antigamente.

Depois de analisar detalhadamente os relatos de meus pais, sobre sua infancia e adolescencia, chego à conclusão de que eles romantizam demais a realidade, e muitas coisas eram mascaradas.

Eles falam tanto que as crianças respeitavam os pais  Eu questiono. Acho que eles tinham medo dos pais, e não respeito. Tanto é que quando ficavam sozinhos, contrariavam os ensinamentos, se sentindo livres.

Respeitar os mais velhos não é a mesma coisa que ter medo de ser agredido. É muito comum ouvirmos relatos de crianças que eram literalmente espancadas pelos pais. Principalmente as filhas mulheres juntamente com suas mães, eram silenciadas. Mulheres eram serviçais, prestavam todo tipo de serviço caladas, não tinham direito de opinar e nem decidir. As famíliias eram patriarcais, a ultima palavra era a do pai. Filhas mulheres tinham que ficar em casa, enquanto os filhos homens podiam sair em bailes e festas.

Filhas mulheres tinham que trabalhar na roça e em casa tinham que ajudar suas mães a lavar as roupas dos irmãos. Que família linda era essa? Que romantismo ingênuo e  omisso era esse?

Famílis machistas, onde homens batiam e eram violentos com suas esposas, iam todos bonitinhos à missa e ao culto e na calada da noite frequentavam prostíbulos com os filhos mais velhos. Muitos pais abusavam de suas filhas e enteadas, no silêncio da noite e da conivência da família e vizinhos.... Que modelo de família é esse?

Não há nada de bonito nisso. Muitos filhos foram educados apenas a obedecer calados, sem ter o direito de falar e opiniar. Crescseram adultos tolhidos, tímidos, envergonhados, deixavam a escola facilmente, sem apoio e estímulo dos pais. Uma geração de pessoas sem iniciativa, podados em sua criatividade, foram educados para ser obedientes aos seus patrões, aceitando um salário de fome, sem reclamar.

Que beleza há nisso? Uma religião foi pregada, obrigando crianças e adolescentes a assistirem missas e cultos em silêncio, apenas tendo que ouvir e aceitar uma verdade imposta. Foi transmitido a concepção de um “deus” autoritário, violento, punitivo, vingativo, vigilante, fazendo as crianças construirem uma espiritualidade do medo e da submissão. Educados nessa religião, ewm pleno século XXI, acabam reproduzindo aos seus filhos essas tradições e costumes sem pensar, obrigando seus filhos a seguir os rituais e costumes da igreja, sem dar a eles a oportunidade de manifestarem sua opinião. 

Hoje, em 2024, prefiro que minha filha me questione de igual para igual, prefiro que ela tenha coragem de me questionar, pois tenho certeza que estou preparando-a para não ser submissa ao seu marido!

Viva a liberdade de questionar e perguntar, viva a vida!

Prof. Evandro Guindani

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