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Pesquisa revela que trabalhadores catarinenses adoecem mais

Frigoríficos, indústrias têxteis e bancos apresentaram maiores índices de adoecimento, segundo pesquisa divulgada pela Frente Parlamentar em Defesa da Saúde do Trabalhador

A Frente Parlamentar em Defesa da Saúde do Trabalhador, presidida pelo deputado Neodi Saretta, apresentou nesta terça-feira, dia 3, na Assembleia Legislativa, uma pesquisa inédita sobre o perfil de adoecimento dos trabalhadores catarinenses. De acordo com o estudo, o número de trabalhadores afastados por motivos de saúde nas principais atividades econômicas do estado é 48% maior do que a média nacional. Os setores que mais registraram afastamentos nos últimos anos foram os frigoríficos, as indústrias têxteis e os supermercados. A pesquisa foi encomendada pelo Ministério Público do Trabalho e conduzida por pesquisadores da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC) e Universidade do Vale do Itajaí (Univali).

A pesquisa levou três anos para ficar pronta e analisou dados de benefícios previdenciários entre 2005 e 2011 disponíveis na plataforma de informações da Previdência Social. Ao todo, foram avaliadas as 15 atividades econômicas que mais empregam em Santa Catarina. Considerando o auxílio-doença comum e o auxílio-doença acidentário, verificou-se que 38% de todas as ocorrências são provenientes de dez patologias: dorsalgia (9,73%), depressão (6,13%), fratura ao nível de punho e mão (4,26%), lesões de ombro (3,74%), fratura de perna (2,80%), varizes dos membros superiores (2,78%), hemorragia no início de gravidez (2,57%), sinovite e tenossinovite (2,37%), transtorno depressivo recorrente (2,49%) e fratura do pé (2,04%).

O trabalho nos frigoríficos foi a atividade que registrou o maior número de casos. No período estudado foram concedidos 20 mil afastamentos, o que corresponde a 39% dos trabalhadores empregados no setor, se considerado um afastamento por trabalhador. Entre as principais causas estão a depressão, problemas na coluna e lesões no ombro. A média de adoecimento dos trabalhadores no setor é de 37 anos, bastante precoce para a instalação de um processo de adoecimento.
O setor vice-campeão de afastamentos é o têxtil, que emprega 93 mil trabalhadores. Durante o período de seis anos, 34 mil pediram afastamento por problema de saúde, o que representa 37% do total. Em seguida, vêm os supermercados, que empregam 59 mil pessoas e registraram 18 mil afastamentos.
"Termos números sobre as doenças que mais acometem nossos trabalhadores é importante para direcionarmos ações. Realmente, os números apontados preocupam", afirma Saretta. O deputado lembra que os números poderão ser utilizados na definição de políticas públicas para a promoção da saúde do trabalhador.
O procurador do Trabalho, Alexandre Ramos, revelou ainda que Santa Catarina tem o pior índice de afastamentos por número de trabalhadores do país. Enquanto o estado ocupa a sexta posição no ranking global, sobe para a primeira posição no ranking relativo à população.
Alguns dados específicos sobre os frigoríficos catarinenses:
• Número de empregados no setor frigoríficos em SC: cerca de 50.000.
• Benefícios previdenciários concedidos no período de 2005 a 2011: 19.274 (12.579 para mulheres e 6.795 para homens), ou seja 39% dos trabalhadores do setor, se for considerado apenas um afastamento por trabalhador (os números correspondem a cada afastamento, individualmente).
• Média de benefícios por ano: 2.700.
• Período médio de afastamento: 169,8 dias
• A idade média dos trabalhadores afastados é de 37 anos, bastante jovem para a instalação de um processo de adoecimento.
• Número de aposentadorias concedidas: 124 aposentadorias por invalidez, sugerindo uma política previdenciária inadequada de prorrogação sucessiva de benefícios previdenciários.
• O número expressivo de benefícios previdenciários concedidos com o diagnóstico de episódios depressivos, dorsalgias e lesões do ombro, aponta para a inadequação das condições de trabalho.
• O baixo número de benefícios concedidos sob a espécie auxílio-doença acidentário deixa clara a subnotificação de doenças ocupacionais no setor. Em 2011, somente 9,48% (13 de 137) dos benefícios concedidos com o diagnóstico de transtornos depressivos, foram enquadrados como auxílio- doença acidentário.
• Entretanto, o painel epidemiológico do NTEP (Nexo Técnico Epidemiológico Previdenciário) estabelece uma prevalência de episódios depressivos 341% superior em trabalhadores de frigoríficos com relação a empregados de outras atividades econômicas.
• Já o expressivo número de benefícios concedidos por hemorragias no início da gravidez (em torno de 513 em 7 anos), aponta para a possibilidade da existência de nexo entre o agravo à saúde e as condições de trabalho. Ou seja uma relação direta da doença laboral com a atividade desenvolvida pelo trabalhador.
• A distribuição de afastamentos previdenciários nos frigoríficos, concentra-se nos municípios de Chapecó (22,8%), Capinzal (9,8%), Concórdia (6,8%) e Forquilhinha (6,2%).
Texto: Gutieres Baron - Sala de Imprensa Alesc - Carla Algeri, assessoria de imprensa do deputado Neodi Saretta.

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