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Brasileiros trabalharão quatro meses e vinte dias

Os brasileiros trabalharão quatro meses e vinte dias por ano apenas para pagar tributos

Pelo nono mês consecutivo, o Copom (Comitê de Política Monetária) do Banco Central elevou os juros básicos da economia. A chamada taxa Selic subiu de 19,50% para 19,75% ao ano, alta de 0,25 ponto percentual.Com uma inflação acumulada em 12 meses bem acima do objetivo do governo para o ano e os consecutivos aumentos nas previsões de inflação para 2005 promovidos pelo mercado, o Banco Central decidiu manter o aperto na política monetária. Até que o Ministro Luiz Fernando Furlan, defendeu a aprovação de uma Medida Provisória que suspenda de tributos as empresas que realizem no Brasil novos empreendimentos voltados à exportação. A norma seria válida apenas para os novos empreendimentos em plataformas industriais, que destinassem no mínimo 80% da produção para o mercado externo.A suspensão dos tributos vigoraria por um prazo de cinco anos. Passado esse tempo, se a empresa não desrespeitar nenhuma das regras contratuais, como a meta de exportar ao menos 80% da produção, a suspensão passará a ser definitiva. Sim, senhor.(a) Quatro meses e vinte dias por ano. Isso é o que nós brasileiros trabalharemos só para pagar tributos ; aos governos federal, estadual e municipal, só a partir desta semana é que estaremos trabalhando para nós mesmos.Em 1986, quando o IBPT iniciou os levantamentos, para pagar os tributos, o contribuinte trabalhava dois meses e 22 dias. Hoje, são quatro meses e vinte dias. De acordo com o IBPT, o pagamento de impostos e contribuições aos governos representou 37,81% da renda do contribuinte em 2004, e neste ano chegará a 38,35%. O percentual inclui o imposto de renda, contribuição previdenciária, contribuição sindical, tributações sobre o consumo (PIS, Cofins, ICMS, IPI, ISS), sobre o patrimônio (IPTU, IPVA, ITCMD, ITBI, ITR), taxas (limpeza pública, coleta de lixo, emissão de documentos) e contribuições, iluminação pública etc, etc,etc.Para o cidadão de classe média, que além dos tributos, paga por serviços privados que deveriam ser prestados pelo governo, tais como saúde, educação, segurança, previdência e pedágio, são necessários mais 112 dias de trabalho, ou 31% da renda. Somando os dois índices, o brasileiro de classe média trabalhará neste ano até o dia 10 de setembro, totalizando 252 dias (sete meses e 27 dias) para pagar tributos e serviços, contra 243 em 2004 e 237 em 2003. pode?E todos esperando que o ?governo? abaixe os juros, como se juros fossem uma variável independente do resto da economia e o governo pudesse fazer qualquer coisa com eles. Os juros estão na estratosfera porque os investidores não confiam no país. E sabem porque? Por conta da falta de planejamento, de rasteiras políticas sórdidas, de ministros fritando ministros, acordos e leis não cumpridos, acusações de corrupção publicadas por toda a parte, envolvendo de Presidente de Banco Central a Ministro de Previdência.Enquanto isso não mudar, a queda continuará em degraus muito pequenos para alavancar qualquer crescimento significativo nos investimentos produtivos.Fazer um pacto social para os juros abaixarem ? poderia até fazer sentido. Mas torna-se Impossível porque não envolveria só nosso país, já que na economia atual qualquer pacto teria que ser feito numa escala global, já que dependemos de investimentos externos. E os investidores não confiam no país por um passado recente de fraqueza nas instituições, por falta de coerência nas ações, e razões que acabam levando a um efeito perverso. E com os investidores não confiando no pais, os juros continuam altos. E com juros altos, o país não consegue crescimento para mudar sua imagem . E sem um ?choque de credibilidade?, vamos continuar nessa espiral negativa até nossa imagem mudar e provar que o país está comprometido com a estabilidade. Décadas de crises econômicas fizeram boa parte do nosso empresariado acreditar que administrar empresas no Brasil é essencialmente diferente de administrá-las no resto do mundo. Ficamos procurando um modelo alternativo que não existe: nada substitui disciplina, conhecimento, inovação, eficiência. Criatividade até que temos bastante; falta-nos disciplina de execução para transformar essa criatividade em inovação. Falta também uma maior abertura para o mundo, uma vontade de absorver conhecimentos externos e aplicá-los a nossa realidade ? ainda somos muito voltados para o próprio umbigo. MARCOS ANTONIO ZANARDOVice-Prefeito e Empresário
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