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Fim do Cisma Anglicano?
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- Mario Eugenio Saturno
Mario Eugenio Saturno (cientecfan.blogspot.com) é Tecnologista Sênior do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE) e congregado mariano.
Em 1534, o rei Henrique VIII separou a Igreja da Inglaterra da Católica, tornando-se seu Governador Supremo. A versão oficial diz que o rei queria separar-se de Catarina de Aragão para casar-se com Ana Bolena, mas a separação da Igreja e o confisco dos bens renderam uma fortuna inimaginável. Porém a Igreja Anglicana continuou com muitos ritos católicos. Fora da Inglaterra a igreja é chamada de Episcopal.
E foram quase 500 anos de separação, mas, em 4 de novembro de 2009, foi publicada a Constituição Apostólica Anglicanorum coetibus, documento em que Bento XVI apresenta as normas para o regresso dos grupos anglicanos à Igreja Católica, à medida que esses solicitem.
O Papa nomeou como primeiro Ordinário o reverendo Keith Newton, 58 anos. Ele foi um dos três ex-bispos anglicanos que foram ordenados sacerdotes católicos pelo Arcebispo de Westminster, Dom Vincent Nichols, naquele mesmo dia. Os outros dois são o reverendo Andrew Burnham e o reverendo John Broadhurst.
Em 15 de janeiro de 2011, a Congregação para a Doutrina da Fé, do Vaticano, instituiu o Ordinariato Pessoal de Nossa Senhora de Walsingham que permitiu que pastores e fiéis anglicanos da Inglaterra e País de Gales entrar em comunhão plena e visível com a Igreja Católica.
O Ordinariato cuidou da preparação catequética desses grupos que, na Páscoa, foram recebidos na Igreja Católica, juntamente com os seus pastores. E ainda acompanhou os ministros que se preparavam para serem ordenados no sacerdócio católico. O patrono do Ordinariato é o Beato John Henry Newman, beatificado por Bento XVI em setembro do ano anterior, durante a histórica viagem apostólica ao Reino Unido.
Um Ordinariato Pessoal é uma estrutura canônica que possibilita uma "reunião corporativa" que neste caso, permite àqueles que eram anglicanos entrar em plena comunhão com a Igreja Católica e conservar elementos do seu patrimônio específico, como a liturgia e a espiritualidade.
Com esse formato, a Anglicanorum coetibus busca garantir, por um lado, o objetivo de salvaguardar, no interior da Igreja Católica, as veneráveis tradições litúrgicas, espirituais e pastorais anglicanas e, por outro, a plena integração destes novos grupos e respectivos pastores na Igreja Católica.
É o que acontece, por exemplo, com a proibição de ordenação episcopal de homens casados, no entanto, a Constituição Apostólica prevê a ordenação de ministros casados anglicanos como sacerdotes católicos. Que é o caso dos três ex-bispos anglicanos ordenados sacerdotes católicos pelo Arcebispo de Westminster.
Já os seminaristas serão formados juntamente com os da Diocese, especialmente nas áreas doutrinais e pastorais, mas contando também que os futuros padres dos ordinariatos pessoais terão uma formação no "patrimônio anglicano".
A iniciativa partiu de diversos grupos de Anglicanos que declararam compartilhar da fé católica como expressa no Catecismo da Igreja Católica e reconhecer o ministério de Pedro como desejado por Cristo para a Igreja. Para esses, chegou o momento de expressar tal unidade implícita na forma visível da plena comunhão.
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