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?Informações desencontradas?

Jornalista da ACCS questiona posicionamento das agroindústrias em relação ao embargo russo

Vânia de Souza ? Jornalista

 

        Desde que a Rússia cancelou as importações de carnes brasileiras, há praticamente dois meses, tenho acompanhado todas as informações que surgem na imprensa sobre este caso. Também já conversei e ouvia opinião de lideranças sobre o caso e várias foram as posições, principalmente sobre o embargo russo à carne suína.

       O risco da queda no valor pago ao produtor pelas agroindústrias era iminente e se confirmou já na segunda semana do embargo. As reduções foram seqüentes, de R$ 2,35 à R$ 2,20 hoje, para produtores de integrados.

        As lideranças das agroindústrias afirmavam que não havia como controlar a situação, que o volume de carne até então exportado, estava sobrando e o mercado interno não absorve toda a produção. Cálculos afirmam que o Brasil está deixando de faturar US$ quatro milhões por dia com o embargo russo. E os maiores prejudicados nesta suspensão das vendas são os produtores catarinenses, principais fornecedores de carne aos importadores da Rússia.

         Políticos, administradores e lideranças da suinocultura brasileira foram à Rússia, negociar o fim do embargo, mas até o momento o retorno das vendas ainda não ocorreu. Mas nesta semana, um fato novo, que todos nós sabemos ser o real, mas que vem de uma das maiores lideranças ligadas as empresas de exportação e importação do país, afirma que ?não existe uma crise provocada pela decisão da Rússia?, mas que as indústrias de carne, devem aproveitar o momento e refazer seus estoques, esperando um momento de alto consumo que são as festas de final de ano. Esta liderança afirma ainda que o Brasil direcionou parte do volume, até então enviado para a Rússia, para outros países consumidores de suínos, principalmente da Europa Oriental e para o mercado interno.

        Então, qual é a desculpa para esta redução nos preços pagos ao suinocultor? Nenhum, é só mais uma oportunidade de proibir o trabalhador de ser justamente remuneração pelo seu produto. Quando a alegria ou pelo menos a tranqüilidade volta ao semblante dos produtores, criam logo uma forma de acabar com a possibilidade de dar a volta por cima, pagar as contas que ainda ficaram pendentes da última crise.

        Mas ainda há como reagir, não se pode aceitar tudo da forma que nos é imposta. É preciso aproveitar o momento e buscar a independência, andar com as próprias pernas, com produção menor, mas ser dono do próprio plantel e voltar a ditar o valor do produto. Nós sabemos que não há super oferta de suínos, porque houve uma redução muito grande na produção, quando muitos suinocultores desistiram da atividade ou reduziram radicalmente a produção, devido a última crise.

         Outro fator que revolta produtores e consumidores, é que esta mesma redução no valor que o suinocultor teve, não foi repassado ao consumidor, que paga valores absurdos pela carne e por produtos industrializados nos supermercados.

         É a hora de abrirmos os olhos, conhecer a realidade e contestar quando estamos sendo prejudicados. Precisamos ser respeitados pelo trabalho e pelo que representamos para a sociedade e economia brasileira.

       Fonte: Porkworld.la ? Brasil ? ACCS (Associação Catarinense de Criadores de Suínos).

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