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Lendo com você - 086

Professora Schirley

O  POVO  NÃO  QUER    COMIDA

 

            Quanto mais se conhece a realidade que nos cerca, maior é a vontade de mudá-la.

            Quanto mais constatamos a fartura de corrupção, as distâncias culturais e econômicas, a falta de distribuição de renda igualitária, mais ficamos indignados com a pobreza de espírito.

            Pesquisa recente procurou saber em que Instituições, as pessoas ainda acreditam. A família recebeu o primeiro lugar. Ainda bem. Em muitas famílias, reina a solidariedade e o amor.

            Mas apesar desse lado confortador, ainda se percebe algumas falhas.

            É bom pensar nos valores que as famílias cultivam. São os espirituais ou os materiais? O diálogo é o que prevalece entre pais e filhos? São os pais os melhores amigos dos seus filhos? Quem acompanha os filhos nos shows e nos passeios? Quem é presença mais constante nos lares, nas 24 horas do dia, com os filhos?

            A família tem sim muita força, mas precisa ser cultivada. O ingrediente fundamental é o amor. Amor puro, de doação.

            Outro fator que nos apavora é ver nossa riqueza material se esvaindo e mais triste ainda é perceber igualmente que nossa riqueza cultural está apartada da maioria do povo, por um muro invisível, porém, sólido, construído pela falta de vontade política histórica das elites dominantes.

            Uma pesquisa do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) comprovou que o acesso democrático aos bens culturais é muito limitado.

            Constituído basicamente por pequenos municípios (73%) de até 20 mil habitantes, o Brasil é formado por 82% de cidades sem museus, 84.5% sem teatro, 92% sem sequer uma sala de cinema e cerca de 20% sem bibliotecas públicas. ?Mesmo aqueles municípios que têm bibliotecas, 69% deles tinham apenas uma, e, nos municípios com até 20 mil habitantes, 935 não tinham nenhuma?, constatou o IBGE.

            Diz ainda a pesquisa que dos 65% dos municípios pesquisados, são raros os que apresentam lojas que vendem livros, discos, fitas e CDs.

            Definitivamente, esse não é o Brasil que desfila nas novelas de TV.

            Mas é o País que precisamos encarar, sem meias verdades, sem maquiagem.

            A pesquisa do IBGE traz à tona apenas um aspecto de nossas carências que se torna simbólico da maneira como o assunto é tratado, desde sempre.

            Portanto, a questão dos valores exige debate muito mais amplo. Envolve produção, acesso, democratização dos meios de comunicação, preservação, entre outras coisas que, em última análise, dêem vida à cultura.

            O certo é que, num país rico como o nosso, não podemos nos contentar com, migalhas. Temos o suficiente para resolver nossos problemas econômicos, sociais culturais .

            O que não há é vontade política para enfrentá-los de forma soberana.

            O povo, mais do que matar todas as fomes objetivas e subjetivas, que alimentem o corpo e o espírito, quer construir de fato a verdadeira democracia, quer construir a sua cidadania.

                                                                                                                                                                             COM  CARINHO- PROFESSORA  SCHIRLEY

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