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Colunista

Qual a função da religião? Por: Prof. Evandro Ricardo Guindani

Por: Prof. Evandro Ricardo Guindani

Universidade Federal do Pampa - Unipampa

A crença em algo imaterial não é algo tão simples de compreender. São inúmeros os motivos que levam uma pessoa a acreditar em algo.

Analisando as gerações de nossos pais e avós percebo que um dos grandes motivos que levam a pessoa a frequentar uma igreja é o medo e insegurança. Eles têm medo de tempestades, precisam rezar e orar pelos filhos que estão longe, pelo parente que está doente. Possuem medo de doenças, da morte, do desemprego.

Outro fator também é o desequilíbrio emocional e ansiedade. A grande maioria das pessoas mais velhas não aceitam atendimento psicológico ou psiquiátrico, e além disso, muitas vezes não dispõe de recursos financeiros para custear tratamento. Diante disso, a oração diária ou a missa e culto dominical exercem um papel paliativo para lidar com preocupações excessivas e até mesmo instabilidades no campo afetivo das relações conjugais.

Certo dia me deparei com uma história interessante vivenciada por um casal de idosos, descendentes de italiano, muito católico. O homem havia cometido uma traição conjugal e a esposa sugeriu que o mesmo ocupasse uma função voluntária nos trabalhos da igreja e que isso o ajudaria a evitar a prática de novos atos “errados”, na concepção da esposa.

Vejam que para uma questão afetiva e emocional buscaram uma solução no campo espiritual. A religião assume funções que não estão no seu campo. Questões que precisam ser tratadas por profissionais do campo cognitivo, emocional como psicólogos e psiquiatras são transferidas para o campo mágico da religião.

As divindades passam a assumir papeis de interventores e solucionadores de problemas. “Deus” passa a ser uma projeção da esperança, saúde, paz... Como bem nos disse o filosofo alemão Feuerbach no seu livro “A essência do cristianismo”, foi o homem que criou Deus à sua imagem e semelhança e não o contrário.

Para lidar com as fraquezas, impotências, medos, angustias, dores, insegurança, o ser humano busca forças fora de si, as projeta em um ser e em uma realidade que lhe foi transmitida pelas gerações anteriores. E inclusive o pacote de crenças ensinado já veio completo: para dor de garganta reze para São Braz, para problemas graves, para Santo Expedito, e assim por diante. Já tem o menu completo para atender diferentes problemas e medos. Quando há previsão de tempestade, os católicos já fazem uma oração para Santa Bárbara e queimam ramos bentos pelo padre.

Enfim, para cada medo uma divindade, um culto, um trecho bíblico, para cada enfermidade, angustia uma projeção de forças. E muitas vezes os problemas não se resolvem, apenas buscam-se forças e paliativos nas igrejas, os quais assumem o papel de conforto momentâneo.

Com essas reflexões não quero jamais reduzir o papel das religiões e da experiência religiosa. Tudo é algo muito complexo, inclusive, o cultivo da espiritualidade, bem conduzida por líderes religiosos competentes, pode contribuir muito para o autoconhecimento e evolução humana.

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