Muitas vezes na escola ou na universidade somos pegos de surpresa com mudanças provenientes de novas políticas educacionais...

Diante de novos projetos, programas, mudanças, nós professores sempre devemos nos perguntar: de onde veio isso? Que demandas está atendendo? Em quais estudos da realidade educacional estão fundamentadas essas políticas.
Professores (as) são aqueles que mais profundamente conhecem a realidade educacional porque conhecem cada um de seus alunos e suas famílias.
Nossas escolas e professores já possuem uma leitura profunda da realidade.
Eu tenho 24 anos de experiência em sala de aula desde o ensino fundamental, médio ao superior, e desde 2004 estudo o tema das políticas educacionais. Com base na minha experiência e nos estudos teóricos vejo que enquanto professores e gestores precisamos nos impor, precisamos exigir a "escuta" dos governos (municipal, estadual e federal) quando se trata de elaboração de novas políticas educacionais.
Para ilustrar cito aqui o exemplo do Programa Nacional das Escolas Cívico-Militares. Este Programa nasce de uma demanda proveniente do chão da escola? Quais demandas da realidade educacional esse Programa vem atender? Você diretor (a), supervisor (a), professor(a) foi consultado e ajudou a construir esse Programa?
Um governo comprometido com a educação, antes de promover mudanças vai ouvir as escolas ou universidades... Essa escuta pode se dar por meio de conferências, assembleias, reuniões com secretários, gestores...
É isso que precisamos debater...
Na Universidade temos laboratórios, professores e técnicos capacitados na área educacional e poderíamos estar inseridos nas escolas aprendendo e partilhando conhecimentos por meio de projetos e ações...
Alunos das escolas poderiam se inserir desde cedo na universidade... E assim construírem afetivamente sua trajetória pessoal e profissional dentro da universidade...
Por que não constroem um Programa que oportunize a professores da educação básica e superior um espaço de diálogo e construção de projetos em parceria?
Nós professores estamos abarrotados de trabalho burocrático e administrativo, sem tempo de realizar novos projetos. Quando fizemos algo inovador temos que trabalhar sábado e domingo para isso....
Porque o Governo não escuta os professores?
Não quero julgar e apenas criticar. Meus apontamentos e reflexões são para pensarmos e debatermos e podem inclusive discordar e contrapor. Por enquanto ainda parece que estamos numa democracia (em risco)...

Prof. Evandro Ricardo Guindani
Universidade Federal do Pampa - Unipampa
São Borja-RS